Rafael Moia Filho*
Em dois anos de gestão, o governo federal conduzido por Jair Bolsonaro cometeu diversos atos de improbidade, falta de transparência, interferência em instituições que investigam seus filhos, apoiou golpes e intervenção militar numa afronta à democracia e nossas instituições democráticas. Tudo isso aos olhos da sociedade, da Justiça e demais instituições.
As acusações contra o governo Bolsonaro passam pela omissão no agravamento da crise sanitária no Amazonas e no Pará, onde os recursos foram parcos e o ministro da saúde incentivou o uso de medicamentos inócuos a Covid e permitiu a falta de oxigênio hospitalar.
Outro crime cometido foi o de incentivar apoiadores a invadirem hospitais públicos para constatar o nível de ocupação dos leitos. O presidente queria provar que não havia superlotação nos hospitais em Estados em que os governadores eram seus adversários.
As acusações contra o presidente enveredam pelo desrespeito às medidas preventivas de enfrentamento ao coronavírus, como o uso de máscara facial e evitar as aglomerações. Além de fazer publicidade de Hidroxicloroquina sem que a mesma seja eficaz no tratamento da doença.
Em um comunicado à imprensa, por exemplo, a PGR afirmou que compete ao Congresso Nacional a responsabilização de integrantes da cúpula dos Poderes por eventuais ilícitos no combate à Covid-19, o que intensificou a pressão sobre o procurador-geral.
Em julho de 2020, mais três casos motivaram a abertura de apurações na PGR, todas para averiguar se o ocupante do Palácio do Planalto contrariou normas da administração de Brasília de prevenção ao novo coronavírus, como o uso de máscara.
Um dos procedimentos foi instaurado depois que o presidente compareceu sem a proteção facial a uma manifestação de militantes bolsonaristas na Praça dos Três Poderes, ato também apontado como um incentivo às aglomerações.
Foi aberta apuração após Bolsonaro conversar com jornalistas no Palácio da Alvorada para falar que havia contraído a Covid-19. Ao final da entrevista, apesar da pouca distância que mantinha para os repórteres, ele tirou a máscara facial.
As apurações que envolvem Bolsonaro são realizadas por meio de um instrumento chamado de notícia de fato. Consiste em um procedimento preliminar para o levantamento de informações, incluindo pedidos de informação a órgãos públicos.
Além desses fatos, é notório que Bolsonaro desrespeita a Lei 12.527/11, chamada de lei da transparência, ao omitir dados de seus cartões corporativos e até de gastos efetuados em nome da presidência.
A interferência na direção da Polícia Federal, Coaf e Receita Federal para proteger seu filho Flávio e o amigo Queiroz das acusações de formação de quadrilha, rachadinha e sonegação foi outro crime grave cometido pelo presidente. Os episódios culminaram com a saída do então ministro da justiça Sérgio Moro.
Mas talvez o crime mais grave seja a omissão em relação a compra das vacinas para imunização da população brasileira. O governo brasileiro se recusa a adquirir vacinas em quantidades suficientes para a plena imunização. Ficando na dependência da produção da vacina Coronavac do Butantã em parceria com a China.
Bolsonaro não trabalha, não demonstra nenhuma aptidão ao cargo e nem se importa em deixar claro que pensa apenas na sua reeleição em 2022. Neste cenário fica muito difícil acreditar que ainda existam brasileiros defendendo esse político que em dois anos nada fez pelo país, não cumpriu suas promessas de campanha e passa o tempo entre bravatas na porta do palácio do planalto e em viagens a forte militares para andar de Jet Sky e barcos da marinha.
*Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.