Gustavo Hoffay*

Embora já em meados do primeiro trimestre, eu e a minha família desejamos a todos os leitores muita obediência, tolerância e respeito a si e ao próximo nos meses que restam deste totalmente atípico ano de 2.020 e, quiça, 2.021: obediência às normas da Vigilância Sanitária e de outros órgãos que tratam da prevenção ao contágio pelo COVID, tolerância a um necessário afastamento social e das desagradáveis conseqüências daí derivadas e, também, respeito pela saúde e pela vida daqueles com quem convivemos em família e sociedade. Enquanto ainda ouço pessoas referindo-se a 2.020 como o pior ano de suas vidas, acredito que (pelo menos) ele tenha servido para mostrar o quanto milhares de nossos conterrâneos, do Arroio ao Chuí, ainda se acham invulneráveis ao contágio por um vírus muitas vezes mortal. Se quiséssemos usar apenas um vocábulo para descrever o que foi para nós o ano passado, poderíamos recorrer (com constância) à palavra “indisciplina”. Com efeito, é latente e traduzido em sinais espalhafatosos e inequívocos, o grande mal que muitos dos nossos conterrâneos cometeram e continuam a cometer a outros de nós, por excesso de desatenção e até mesmo afronta enquanto convivendo em sociedade, desdenhando e violando alertas que ditam a ordem social, em um momento tão crucial, histórico e jamais vivido por qualquer outro habitante deste planeta, em qualquer outra época.Com efeito! É latente e traduzido em sinais espalhafatosos, a desgraça que muitos fizeram ( e outros continuam a fazer, até de forma sarcástica) a diversos irmãos brasileiros ao desrespeitarem, explicita e vergonhosamente, até com deboches, as regras relacionadas à prevenção do contágio pelo COVID-19 e ao ponto de desafiarem as próprias autoridades encarregadas de policiar e coibir comportamentos sociais inadequados. O ano que terminou a quase três meses deixou-nos uma mensagem e um legado que deveria ser considerado e respeitado por toda a humanidade. O ano 2.020 passou e não foi, de modo algum, um tempo perdido, uma perda real…..não! Vencemos uma etapa de perdas e de provas para dar lugar a uma nova era, rica em sabedoria e a partir dos erros e acertos que vivenciamos naquele ano; a maioria de nós plantou novamente a esperança; muitos de nós cuidaram com mais afinco de uma semente que, com toda a certeza, irá germinar, desabrochar e trazer frutos mais perfeitos de solidariedade e amor ao próximo, para que possamos revigorar o nosso ser interior e reavivarmos a nossa fé. E tocarmos a vida a frente, jamais desanimarmos, recomeçarmos com mais propriedade e discernimento uma outra etapa de nossas vidas, enquanto municiados de muito aquilo que agora lançamos mãos para manter-nos de pé! E atrevo-me a citar aqui a passagem bíblica Eclo 18,5-7. “…..quando ( o homem) termina é então que começa”.Ora, podemos todos, sim, sentirmo-nos felizes diante de uma triste realidade traduzida por um vírus e que já é uma resposta plena e silenciosa para gozarmos de uma feliz verdade: acordamos, estamos despertando para um novo tempo no qual poderemos valorizar e amar ainda mais a nós mesmos e o nosso próximo; não ficamos para trás, mas estamos adiante e saudáveis. Vimos sobrevivendo a tantos males e tristezas em decorrência daquele vírus; a maioria de nós não sucumbiu ao mal por ele provocado, embora a maioria de nós tenha entrgado-se à angustia e ao receio de tornar-se a “próxima vítima”. E diante de tal flagelo há ainda quem indague onde está Deus….! Ora, entendo que Deus não produziu o “Corona”, mas o permitiu. Se quisesse impedir o sofrimento humano na face da Terra, a todo momento seríamos testemunhas e alvos de sucessivos prodígios por Ele produzidos; seríamos todos como a marionetes,artificiais!Francamente….Deus não permitiria o surgimento dessa pandemia se não soubéssemos tirar proveito desse mal . Prefiro acreditar que Ele envolveu as nossas dores num plano sábio e harmonioso, visando elevar-nos a bem maiores. O vírus está aí, ronda-nos diuturnamente, matando e provocando sofrimentos e angustias, mas Deus não está indiferente. Deus envolve-nos docemente em amor e misericórdia e os sofrimentos sentidos durante essa pandemia vêm tornando-se escola, fatores de crescimento interior e de ponte para

*Presidente do Conselho Curador da Fundação Frei Antonino Puglisi
Uberlândia-MG