Ivan Santos*

O Capitão Mito articulou com força, determinação e não mediu esforços nem recursos para instalar na Presidência da Câmara e na do Senado um parlamentar amigo que possa convidá-lo, quando quiser para tomar tubaína na Corte e com ele conversar coisas de bem ou de maldizer.
Até o momento o céu para o Mito é de brigadeiro e o mar de almirante no processo político nacional. No entanto, Sua Excelência não tem mais um contraponto no Congresso para polemizar. Nos primeiros dois anos do mandato o Mito proclamou para os quatro pontos cardeais do País que o Governo não caminhava porque o presidente da Câmara era um adversário indigesto do Governo que paralisava todos os projetos oriundos do Planalto. Maia foi o inimigo responsabilizado pelos fracassos do Governo nos dois primeiros anos do mandato do Mito.
O clima hostil agora mudou. O presidente conseguiu ver eleitos na Câmara e no Senado um aliado. Agora o Mito não tem mais inimigos no Senado nem na Câmara. Tem parceiros. Num gesto para tumultuar o cenáculo, o Mito apresentou uma lista com 35 proposições para serem apreciadas e votadas por um Congresso que, por falta de articulação política do Trono, não aprovou até hoje, em fevereiro, a Lei de Orçamento para 2021. Deverá votar o Orçamento neste mês, a toque de caixa, para o Governo não pare.
O presidente não se esquece de acenar para a Base Popular que o apoio. Por isto tem como prioridade os projetos de costumes e, na semana passada informou aos caminheiros que o preço do óleo diesel está alto porque os governadores cobram ICMS. Jogou os camioneiros contra os governadores. Arranjou mais uma encrenca. Um grande abacaxi para descascar. O Mito continua o mesmo. Não se sente com culpa de nada e procura sempre um adversário imaginário para atacar como Dom Quixote fez com os moinhos de vento. Não há paz à vista.

*jornalista