Ivan Santos*

Há alguns anos, o ator Mário Lago, considerado pelo governo do presidente Getúlio Vargas como um “subversivo comunista perigoso”, foi preso pela política da ditatura vigente na época. Após sair da cadeia depois de longos interrogatórios, Mario Lago, que foi abandonado pelo Partido Comunista no qual militava, disse na primeira entrevista que deu aos jornais que “no Brasil a esquerda só se une na cadeia”.
A divisão da esquerda política brasileira é histórica. Porém, neste momento, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) trabalha para unir a para apoiar o deputado Baleia Rossi (MDB, candidato à Presidência da Câmara. Genro explica que é preciso evitar a vitória do alagoano Arthur Lira (DEM), líder do Centrão e apoiado pelo presidente Bolsonaro. Em princípio Genro comemora a disposição inicial do PT, partido que tem a maior bancada na Câmara, para apoiar o emedebista. O jogo é pesado com liberação de verbas, cargos bem remunerados no governo e acenos com uma reforma ministerial com nomes da Velha Política abrigados no Centrão. De hoje até fevereiro muita água vai rolar por baixo da ponte dos desejos políticos.
A intenção de Tarso Genro é lançar na tela política nacional, de olho na eleição majoritária nacional em 2022, nomes para se contraporem ao presidente Bolsonaro que hoje desfila sozinho diante do eleitorado cuja maioria ainda está indecisa. Os nomes em foco, segundo Tarso Genro, são: Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Guilherme Boulos (PSOL), Flávio Dino (PCdoB) e Marina Silva (Rede).
O PT, partido de Tarso Genro, continua a defender a candidatura de Lula à Presidência em 2022, naturalmente, se ele puder passar pela Lei da Ficha Limpa. O jogo sucessório está a começar. Bolsonaro não vai navegar sozinho no espaço nacional. Haverá no ar algo além dos aviões de carreira, como diria hoje o saudoso Barão de Itararé.

*Jornalista