José Carlos Nunes Barreto*

“Cores do mar/Festa do sol/Vida é fazer/Todo sonho brilhar/Ser feliz…”Cancioneiro popular

Ainda me lembro dos domingos de ramos de minha infância: eram marcantes e alegres por causa dos presentes, da família reunida após as preces, e também pelos ovos de páscoa que tínhamos de descobrir, escondidos que foram ,pelas nossas tias e avós. O domingo de páscoa era diferente…Muita gente vinha almoçar em casa. E o prato era todo do mar: às vezes, bacalhau com batatas, meu preferido, porém caro como era, e , ainda o é, a maioria das vezes era substituído por corvina, pescada, ou, nas vacas magras, pela velha e mais barata sardinha mesmo.

Éramos felizes e sabíamos. Pobres, morávamos como agregados na fazenda de um grande plantador de flores alemão que, dizia meu avô, fugira da guerra,(seria um nazista, pergunto e respondo que não sei até hoje…) e agora o empregara, graças a Deus, para plantar e cuidar de enormes áreas com flores. E nós fazíamos a festa sob o sol, e entre sempre vivas e girassóis.

Meu pai era um motorista de caminhão de refrigerantes “Crush” – Isso mesmo! uma marca de refrigerante de laranja da década de 50-tinha longas jornadas de trabalho, e, quando voltava, trazia muitas balas de chocolate, até hoje minha paixão, mas na época da páscoa trazia pequenos ovos de chocolate, além de caminhões e ônibus de plásticos. Naquele tempo quase tudo era importado…

Getúlio Vargas, com visão de estadista, negociara a entrada do País no conflito da segunda guerra mundial ,em troca da nossa industrialização, e, aquela atitude , nos permite agora, figurar entre as 10 maiores economias do globo. Na cadeia de valor do chocolate, no entanto, somos o segundo maior, e ,hoje, os presentes de páscoa são mais acessíveis à população, porque são fabricados aqui mesmo, além disso, parcela interessante deles é exportada quando o câmbio favorece.

Cresci, amadureci(já quase caí do pé) ,e me pergunto qual presente me faria mais feliz na Páscoa, indago. Dormi pensando nisso, e descobri respostas no dia seguinte… Acordei certo que meu maior presente, seria ter de volta à sociedade brasileira, a confiança no futuro, e a eliminação da impunidade entre os poderosos, como os atuais ministros do STF envolvidos com propinas da Odebrecht e vendas de sentenças – verdadeiros gangsters… Seria uma benção proporcionada pelo Cristo da Santa Páscoa , construída com o altruísmo e a integridade do homem-Deus, enquadrar e enjaular estes “supremos” que ,ao invés de defender a Constituição , se colocam, criminosamente acima das leis do País.

*Pós – doutor e sócio diretor da DEBATEF Consultoriabarreto