A Engenharia Química da Universidade Feederal de Uberlândia (UFU) desenvolve um secador de algas que utiliza energia solar. A umidade do material diminuiu de 80% para 13% com o secador.
Com grande quantidade de proteína, vitaminas e antioxidantes, a spirulina platensis – um tipo de alga – é, desde 1974, considerada como o “alimento do futuro” pela Organização das Nações Unidas (ONU). Hoje, é geralmente consumida em pó ou cápsulas, mas ainda não é amplamente conhecida no Brasil. Como ela é produzida em meio aquoso, possui alta umidade quando é colhida. Dessa forma, para oferecê-la ao mercado, é preciso secá-la em pouco tempo para que não estrague. Pensando nisso, João Paulo Siqueira Silva desenvolveu, em seu mestrado em Engenharia Química na UFU, um secador de algas que utiliza energia solar.
A dissertação foi orientada pelos professores Luiz Gustavo Martins Vieira e Marcos Antonio de Souza Barroso. Vieira explica que, para a secagem, é necessário um fluido, que nesse caso foi o ar, e é preciso que ele esteja quente. Por isso, os pesquisadores escolheram utilizar a energia solar, que faz com que o processo fique mais barato. “Um dos maiores custos para o aquecimento é energia elétrica ou queima de combustíveis, e isso encarece o processo. Alguns estudos revelam que 70% do custo de secagem de um produto agropecuário é referente à energia. Então, nosso trabalho tem um produto com apelo econômico e utilizamos uma energia disponível”, afirma o professor.
Área foi interditada para deixar o secador, posicionado às 9h com o coletor voltado para o norte geográfico. (Foto: Arquivo dos pesquisadores)
Durante os experimentos, a spirulina foi colocada em algumas bandejas dentro do secador, que é uma câmara fechada. “O ar era aquecido no coletor. Uma vez aquecido, entrava em contato com o material. Era uma secagem de contato indireto. O contato direto com o sol não seria adequado, porque iria degradar tudo”, explica Silva. Os resultados foram satisfatórios: o material tinha 80% de umidade e, durante quatro horas de secagem, o secador desenvolvido a reduziu para um teor de 13%. Com isso, já é possível armazenar e comercializar as algas.
Também foram feitas algumas análises do material natural e seco para quantificar as perdas e os ganhos de alguns componentes. “A gente analisou basicamente compostos bioativos. Os principais analisados foram os flavonoides, fenólicos e a ficocianina, que também é um pigmento natural azul. Esses compostos são nutritivos e antioxidantes, ou seja, evitam o aparecimento e combatem os radicais livres presentes no nosso corpo”, explica Silva.
Alimento tem alto teor de proteína, mas ainda não é amplamente produzido no Brasil. (Foto: Milton Santos)
Após a secagem, houve uma redução dos fenólicos, mas em um percentual dentro do aceitável, segundo Vieira; mas aumentaram os teores dos outros dois componentes. “Isso é bom durante a ingestão desse alimento. Ele não perdeu as qualidades nutricionais e a cor. Ficou pronto para uma vida de prateleira”, destaca o professor. Os pesquisadores também contam que, devido ao alto teor protéico e por ser de origem vegetal, essas algas podem ser uma alternativa para os veganos.
Todo o processo de secagem e as análises foram feitas no Laboratório de Separação e Energias Renováveis da Faculdade de Engenharia Química. As algas foram compradas de uma fazenda em Goiás. Segundo Silva, esse material está começando a entrar no mercado brasileiro recentemente e, por isso, existem poucos produtores no país.
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