Marília Alves cunha*

“A linguagem política destina-se a fazer com que a mentira se torne verdade e o crime se torna respeitável, bem como imprimir ao vento uma aparência de solidez.” (George Orwell)

Abro o jornal para a leitura diária das notícias e me deparo com o Joesley Mendonça Batista, aquele Joesley que gravou o presidente Temer e o pegou de calças curtas… Francamente, nem sei por que o empresário malvado resolveu escrever, se nem penitência há para seus pecados. Disse ele ao final de sua exposição que não pretendia se vitimar, mas apenas acabar com as mentiras e folclores a seu respeito, depois da delação. Como se apenas algumas palavras no papel e a lembrança da família, dos filhos, da empresa grandiosa, fossem o bastante para apagar o rastro de sua trajetória gananciosa e da usurpação da nação brasileira que ele próprio confessou, para pagar sua impunidade.
“Senti-me um novo ser humano, com valores e coragem para romper os elos de corrupção praticada pelas maiores autoridades do país” – escreveu Joesley.É o cúmulo dos absurdos falar em valores e coragem para combater a corrupção, quando na verdade o “leitmotive” de sua delação foi a oportunidade de passar uma borracha no passado e ganhar, como presente valioso, o irrestrito e total perdão para todos os seus malfeitos. Melhor seria que se mantivesse quieto e calado. O falastrão e bisonho Joesley já estava até esquecido nos noticiários. O brasileiro, com sua memória curta, em pouco tempo não se lembrará mais desta triste figura que mostrou, com clareza, como se dão as relações espúrias mantidas por empresas privadas, políticos e empresas públicas. Relações que, certamente, foram um dos motivos para levar o país ao caos em que se encontra. Lembrando bem que a maior festa do empresário deu-se nos governos Lula e Dilma. Só para lembrar…
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E o coitado do Min. Henrique Meirelles não foi poupado pelas câmaras. Foto em primeira página de jornal flagra seu breve cochilo durante fala do presidente Michel Temer. O flagra foi feito com a clara intenção de desmerecer a fala do presidente. Não que possa se considerar a fala como de extraordinária importância. Mas há que se considerar, talvez, o cansaço que abate o atual Ministro da Fazenda, no esforço continuado de descascar os abacaxis que lhe caíram no colo, frutos afrontosos de desgovernos e irresponsabilidades que há muito tempo tem assolado este país.
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Sérgio Cabral conseguiu, com pouco esforço, muita festa e propina, acabar com a joia de nossa coroa, a Cidade Maravilhosa. Aquele Rio de Janeiro que conheci aos 14 anos (faz um tempão) e que me encantou com suas praias, seu bom humor, sua cor. E hoje, lamentavelmente, é notícia diária nos jornais pela sua decadência em vários aspectos. Bem, o ex-governador, agora gozando das delícias de Bangu I, teve o descaramento de pedir o afastamento do juiz da Operação Calicute, por considerar impróprias suas declarações a um jornal. Agora é moda no país! Os investigados, denunciados, condenados, viram suas metralhadoras contra o poder judiciário e tentam se fortalecer usando os que cumprem a lei! Juízes e agentes da lei são sistematicamente perseguidos por aqueles que fanaticamente defendem criminosos, como se fosse deles a culpa no cometimento de crimes que assolam o país e do desvario econômico, social e moral que golpeia o Brasil. É mole ou quer mais?

* Educadora – Uberlândia