Ivan Santos *

No vigor de minha juventude, após conhecer a teoria da mais valia anunciada pelo pensador alemão Karl Marx, entendi que as desigualdades visíveis no mundo onde eu vivia eram causadas “pela exploração do homem pelo próprio homem”. Foi um entendimento empírico superficial. A leitura do Manifesto Comunista lançado Marx e Engels, dois pensadores alemães em 1848, levou-me a imaginar que era preciso lutar contra a injustiça social imposta aos pobres por capitalistas sedentos de lucros. Assim, milhares de jovens como eu no Brasil foram atraídos pelo discurso como-esquerdista sem analisar as contradições de uma proposta política que, na essência, defendia era uma ditadura do proletariado. O tempo e as contradições histórias da proposta comunista afastaram-me da esquerda. No entanto, mantive até hoje a chama acesa de respeito por políticos da esquerda que defendem avanços sociais em oposição à manutenção de ações patrimonialistas criadas em nome do desenvolvimento econômico para gerar riqueza e bem-estar social. Lula e o PT venderam e continuam a vender ilusão em nome da esquerda. Depois de tentativas frustradas para conquistar o poder, em 2002 o líder operário Lula da Silva, na “Carta aos Brasileiros”, prometeu aos capitalistas que se conquistasse o poder manteria em vigor o modelo gerador de renda produzida por assalariados que continuariam a produzir “mais valia” para fortalecer o capital. Com este entendimento Lula criou a política das “Empresas Campeãs Nacionais” que na prática foram montadas para permitir a transferência de recursos públicos para os partidos na Base Aliada. Lula deu uma banana à ilusão socialista. O líder petista ganhou a eleição e, no poder, cumpriu a intensão secreta dos tradicionais políticos patrimonialistas: apropriar-se de dinheiro público “sem medo de ser feliz”. Assim, o presidente-operário permitiu que os petistas e os aliados criassem um dos maiores esquemas de roubalheira de dinheiro público que o mundo já conheceu. O mágico Lula escamoteou a realidade, conquistou a confiança e a admiração de milhões de brasileiros ingênuos e, assim, contribuiu para eleger Dilma, que permitiu que a roubalheira continuasse ilimitada. Hoje, no Brasil, a esquerda segue à deriva e dependente do líder Lula para tentar retornar ao poder. A esquerda brasileira não tem hoje ideologia definida, não tem projeto para governar o País e ignora completamente o Manifesto de 1834.

*Jornalista