Ideologias nos separam, sonhos e aflição nos unem.
(Eugene Lonesco)
Cada vez que fico sabendo de um escândalo que envolve corrupção, envio de dinheiro para contas na Suíça, ou paraísos fiscais por sonegação fiscal, penso na montanha de recursos que os brasileiros assalariados, aposentados e profissionais de outros segmentos recolhem anualmente no acerto de contas com a implacável Receita Federal – RF.
Sinto-me enganado, visto que políticos, empresários desonestos, lobistas, donos de empreiteiras, advogados, doleiros, clubes de futebol, atravessadores entre outros, conseguem fazer tudo sem serem incomodados pela mesma RF. E tudo gira normalmente em torno da política brasileira, grande imã da corrupção, sonegação e formação de quadrilhas no país. Sendo assim, até um adolescente sabe quem sonega exceto a desavisada equipe de auditores da RF.
Eles sempre chegam depois que todos já foram informados pela mídia, ou pelo órgão que investigava os crimes praticados. Os assalariados e os aposentados são massacrados com uma tabela que raramente é corrigida pelo governo brasileiro. Os percentuais são obscenos, e recai justamente sobre os valores auferidos pelo trabalho e não pela especulação imobiliária, financeira ou ilícita.
Além do mais, educação, saúde e outros itens têm redutores que evitam que o cidadão desconte o verdadeiro valor gasto com aqueles itens anualmente. O cidadão honesto paga, por exemplo, R$ 15.000,00 (Quinze mil reais) de mensalidade escolar para seu filho (R$ 1.200,00 por mês). Quando chega o acerto com o Leão da RF, o valor a ser abatido é de no máximo R$ 3.561,50, mais ou menos 23% do que foi efetivamente despendido com seu filho.
Enquanto isso, políticos e demais membros das quadrilhas, possuem imunidade plena perante nossa justiça e a RF, tomam champanhe em Paris, whisky escocês em Londres e ainda abatem do cartão corporativo ou simplesmente não declaram nada a nossa “míope” Receita Federal.
Não precisa ser economista para perceber que o dinheiro arrecadado no Brasil com impostos (cerca de R$ 2 Trilhões ao ano) não são devolvidos ao povo em forma de Educação, Saúde, Segurança, Saneamento Básico ou Habitação.
Se o governo brasileiro cobrasse menos IR dos assalariados, aposentados e pequenos e médios empresários, com certeza haveria maior consumo, riqueza e desenvolvimento nas cidades.
Mas, não existe no Brasil nenhum partido, nenhum político que no poder pense desta forma. Querem arrecadar cada dia mais, aumentar impostos, tributos e taxar até o ar que respiramos.
Os mega ultramodernos computadores da RF enxergam uma nota fiscal incorreta de R$ 5,90 de um pobre assalariado, mas não conseguem perceber a movimentação financeira dos corruptos em solo brasileiro e no exterior.
Não posso esquecer de incluir os clubes de futebol, federações desportivas, confederações que circulam com milhões de reais sem recolherem o que é justo. E pergunto:
_ Será que aqueles que recebem fortunas (Empresários, Industriais, Banqueiros, Artistas), recolhem mensalmente aquilo que ultrapassa os limites estipulados pela RF?
Claro que não, apenas os assalariados, aposentados e pequenos e médios comerciantes arcam com a arrecadação direta ao IR. Não é à toa que nas ruas das cidades médias e grandes do país, assistimos um desfile de carros importados de valores impensáveis ao brasileiro comum.
Mas, imaginar que um dia o podre congresso nacional vai taxar as grandes fortunas é muito utópico, voltemos a nossa realidade e ao “Míope” Leão da RF.
Administrador de empresas e jornalista