Um estudo de iniciação científica analisou o rio no período de seca.
Jusante da ETE na Fazenda Capim Branco (Foto: Arquivo da pesquisadora).

Uma pesquisa de iniciação científica realizada na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) constatou que, neste período seco do ano, a qualidade da água do médio e baixo curso do Rio Uberabinha, localizado em Uberlândia (MG), vai de média a ruim.
O objetivo do trabalho – iniciado em março de 2015 e concluído em fevereiro de 2016 – foi averiguar a influência do lançamento de efluente tratado pela Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Uberabinha sobre o curso de água em período de seca, que vai de junho a outubro. Nesse período, os efeitos dos poluentes ficam mais evidentes.
“Todos os limites dos parâmetros preconizados nas legislações devem atender à classe de enquadramento [do rio] e aos padrões de lançamentos de efluentes em condições críticas de vazão”, explica, sobre os indicadores, a mestranda Letícia Martins de Oliveira, do Programa de Pós-graduação em Meio ambiente e Qualidade Ambiental da UFU.
Oliveira, então graduanda do curso Engenharia Ambiental, conduziu a pesquisa sob orientação do professor Márcio Ricardo Salla, da Faculdade de Engenharia Civil. Com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), na modalidade “Demanda universal”, o estudo está inserido no projeto “Otimização do aproveitamento hídrico superficial na bacia hidrográfica do Rio Araguari – Minas Gerais”, coordenado por Salla.
Letícia Martins de Oliveira conduziu a pesquisa sob orientação do professor Márcio Ricardo Salla, da Faculdade de Engenharia Civil (Foto: Arquivo da pesquisadora)
As amostras de água foram coletadas, uma vez por mês, em seis pontos ao longo do médio e baixo curso do Rio Uberabinha, assim definidos: Ponte, a montante (antes) da esstação de tratamento de esgoto (ETE); ETE Uberabinha; Fazenda Capim Branco, a jusante (após) da ETE; Montante do represamento da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Martins; PCH Martins e Distrito de Martinésia.
Da coleta até o momento da análise das amostras no Laboratório de Saneamento da Faculdade de Engenharia Civil foram respeitadas as exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para garantir e preservar as características do material.Para avaliar a água foram analisados os parâmetros de qualidade integrantes do Índice de Qualidade da Água (IQA) – que varia de 0 a 100, adotando-se metodologia proposta pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas [www.igam.mg.gov.br/]. Também foram comparados os níveis de cádmio, chumbo, cobre, cromo e zinco.
Concluiu-se que a qualidade das águas do Rio Uberabinha, no trecho estudado, variou de “média” (IQA entre 50 e 70) a “ruim” (IQA entre 25 e 50), sendo o ponto a montante do lançamento de efluente pela ETE Uberabinha com classificação “média” e os pontos a jusante do lançamento com classificação “ruim”, durante o período seco.
Equipamento coletor da amostra de fundo (Foto: Arquivo da pesquisadora)
“Os poluentes geralmente são oriundos de atividades industriais, efluentes domésticos sem tratamento e de substâncias químicas utilizados na agricultura. Além de estarem distribuídos naturalmente no ambiente pelos ciclos biogeológicos”, explica Oliveira.
O orientador da pesquisa faz um alerta para possíveis impactos negativos causados por ligações clandestinas de esgoto sanitário no curso de água, trazendo consequências para a vida aquática. Salla também analisa, a partir dos resultados, que o trecho estudado apresenta capacidade de autodepuração à medida que o Uberabinha se aproxima de sua confluência com o Rio Araguari.
A pesquisadora recomenda, para reverter a situação, a identificação e eliminação dos lançamentos irregulares de efluentes ao longo do Rio Uberabinha, bem como o uso de produtos químicos com substâncias menos nocivas ao meio ambiente e de fácil eliminação.
O trabalho, intitulado “Avaliação da qualidade da água no médio e baixo curso do Rio Uberabinha, Triângulo Mineiro”, trouxe subsídios para que os gestores públicos possam melhor gerir os recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio. Como reconhecimento, rendeu, aos pesquisadores, um dos prêmios do VI Encontro de Iniciação Científica e Tecnológica da UFU, realizado no segundo semestre de 2016.

Texto da Ascom/UFU