Gustavo Hoffay*

Quem manda aqui? Quem está no timão? Quem governa este país? Nas últimas décadas temos testemunhado presidentes, poderosos empresários, políticos manipuladores e uma gama variável de outros menos cotados – também gananciosos e com trânsito livre nos palácios planaltinos, usando de maneiras absolutamente estranhas o seu arsenal de dominação e influencia para angariar respeito, mais poderes, influencia e adquirir vantagens, honrarias e sucesso pessoal mas esquecendo-se que autoridade é serviço, é responsabilidade e zelo com a coisa pública. São pessoas que, desde algum tempo, usam de suas atitudes para falsearem aquele predomínio adquirido ( e não conquistado) para garantir sucesso pessoal e adulação hipócrita, enquanto esquecendo-se do povo. E isso é o que temos visto e degenerado em autoritarismo, tornando-se arbitrário e prepotente, sem qualquer qualidade e reduzindo-nos a um infantilismo aviltante. Brincam conosco aqueles poderosos de Brasília e tratam-nos simplesmente por peças que julgam poder usar exclusivamente em seu benefício, ao seu bel prazer. Ora, não somos um povo despudorado, insignificante e influenciável na sua totalidade e como podem pensar aqueles que detêm um passageiro poder no Congresso Nacional, embora muitos deles consigam ali manter-se pelos votos daqueles a quem prometem dentaduras, sacos de cimento e pares de botinas. Pressinto que, às vezes, alguns daqueles sejam na realidade mais temidos que amados por seus eleitores e isso está longe, muito longe de ser algo ao menos parecido com autoridade, quanto mais se agem de modo vingativo com quem deve a sua eleição. Também tenho a impressão de que não poucos legisladores na esfera federal, principalmente, dizem “não” quando querem dizer “sim” e vice-versa, fazendo ressentir de frustrações, vergonha, angustia e até traumas íntimos aquelas milhares e milhares pessoas que neles confiaram os seus votos. Enfim, o conceito de autoridade legislativa e mesmo executiva em nosso país está, mais uma vez, na bacia das almas e depois de já ter escorrido pela ralo da amargura. O que competia a não poucos senadores e deputados federais gerir com unidade, coesão, eficiência, probidade, integridade, equilíbrio e respeito as funções que lhe cabem, parece ter cedido lugar a prioridades pessoais pouco ou nada retas e frontalmente contrárias àquilo que deles esperava-se. Compreendo, portanto, que posso e devo falar em crise de autoridade no legislativo nacional e com respingos, até, no poder judiciário….porque não? Isso é o eu penso! Pessoas que antes eram merecedoras de todo o nosso respeito e consideração, ao menos íntegras e honestas no trato com a coisa pública, hoje têm a sua imagem ligada a escabrosas vicissitudes e carregadas de deficiências morais. Devido a atitudes de alguns dos nossos representantes políticos, assistimos a coisa pública deteriorando-se cada vez mais , ao ponto de banalizar-se e tornar-se objeto de lorotas e escárnios. Reverência e respeito a todos os políticos ocupantes de mandatos legislativos e executivos, ainda parece algo distante à maioria da população brasileira que, em breve, deverá retornar às urnas e escolher entre o banal e o ridículo ou entre digno e o conceituado. E a partir daí, mais uma vez, o que vier a nossa favor ou não será debitado em nosso saldo de vergonha.

*Agente Social
Uberlândia(MG)