Gustavo Hoffay

A grande imprensa vem noticiando crescente onda de permissividade ao uso da maconha e de maneira, até, vultuosa, aparatosa. Permitam-me os leitores, pois, discorrer ao menos um pouco sobre tal fato para que possamos ponderar a esse respeito. Inicialmente e de maneira muito superficial, verificamos que não poucas pessoas (na maioria jovens) aderem ao uso de alguma droga por modismo, para não serem chamadas de “caretas”, por influência de terceiros e do meio em que vivem ou frequentam com regularidade. Dessa maneira essas pessoas terminam assumindo um comportamento gregário, um tanto irracional. Descendo mais um pouco, no âmago desse problema, veremos ainda um forte desejo de jovens usuários de maconha em auto afirmarem-se perante a sociedade onde estão inseridos. Já conheci algumas jovens que diziam usar maconha apenas para querer usufruir da mesma “liberdade” de rapazes da sua mesma faixa etária. Move-as, portanto, um emancipacionismo feminista que, na verdade, termina tornando-as mais servis e porque mais dependentes da conduta dos rapazes que elas desejam reproduzir. Mediante essa pretensa autoafirmação, arriscam-se a perder a própria identidade e , quiça, a própria vida. Podemos ainda afirmar que a causa mais remota do uso de drogas e não apenas entre as mulheres mas de maneira geral, é o vazio interior de que sofrem as pessoas em nossos dias, falta de nobres ideais, de porquê e pra que fazer isso ou aquilo e tão comum na vida de muitos. Falta a grande parte da juventude um referencial capaz de mobilizar as suas mais positivas energias e em demanda de determinado objetivo. Carentes e sem norte, moças e rapazes procuram valorizar-se no “chamar a atenção” para si; fazem-se célebres pois dão a entender que são mais corajosos, mais escolados na vida do que outros de sua idade e que dizem “presos a tabus”. Resumindo, a grande maioria daqueles que fazem uso da maconha, por exemplo, procuram fora de si uma “felicidade” que não encontram dentro de si mesmas; aliás, uma falsa felicidade e que pode custar-lhes muito caro…futuramente. Trago à tona, portanto, um assunto que merece especial atenção na vida contemporânea: um vazio que cria seres vazios e do qual muitos jovens sofrem e fazem sofrer muitos. Esse vazio quer dizer pessoas que vivem cada vez menos como seres humanos. Observe o leitor ou leitora que, quanto mais um jovem é perfeito, mais ele vive em profundidade, mais as suas reações procedem do seu íntimo. Ora, diante desse vazio interior que torna jovens menos humanos, devemos ponderar que não fomos feitos pra gozos efêmeros e ilusórios, mas para o bem definitivo. Sim, pois os passageiros efeitos das drogas sobre a mente dos jovens é passageiro, é exíguo demais diante da potencialidade para o bem que cada um deles possui. Pudera os nossos jovens dedicarem-se mais à sua interioridade, viverem em profundidade e certos de que a vida está associada à capacidade de cada um em saber aproveita-la o máximo e em total sobriedade, enquanto libertos do que os sufocam, prende e atrofia em suas dimensões inferiores, para que possam tornar-se mais gente.

*Presidente Cons. Deliberativo Fundação Frei Antonino
Uberlandia-MG