Somente após a última árvore cortada,
após o último rio ser envenenado,
o último peixe ser pescado.
Somente então o homem descobrirá
que dinheiro não pode ser comido. (Provérbio Cree)
Ao ler e ouvir políticos da base aliada do governo federal e até (pasmem) empresários elogiarem o governo Temer com suas pseudo reformas estruturais, sinto que talvez, não viva no mesmo país que eles estão vivendo.
O congelamento de despesas é contestado por especialistas em economia e no futuro será apontado como um grande erro da equipe econômica de Temer.
A Reforma de Ensino é um flash back mal feito de algo que já funcionou bem no país até que políticos inconsequentes fizeram o desmonte do que funcionava e inventaram bobagens que perduram até o presente na Educação brasileira.
A Reforma da Previdência se aprovada do jeito que foi concebida será um crime contra a sociedade brasileira, em especial, naquela que tem carteira assinada, paga pesados tributos e carrega nas costas o Brasil dos alienados e dos políticos corruptos.
Enquanto isso, assistimos horrorizados a um show de denúncia de corrupção, recebimento de propinas entre outros ilícitos que atingem em cheio boa parte da equipe nomeada por Temer.
Desde sua posse com a nomeação de 13 ministros investigados na Lava Jato, percebeu-se que o tal “Governo de Salvação Nacional” era um engodo, uma mentira para iludir incautos desavisados. Parece que as escolhas de Temer não são por Q.I. – Quociente de Inteligência e sim Quantidade de Inquéritos dos nomeados.
Na lista recente do Procurador Geral da República Rodrigo Janot enviada ao STF com base nas delações premiadas da Odebrecht estão seis ministros de Michel Temer:
Eliseu Padilha
Titular da Casa Civil, principal ministério da Esplanada, responsável pela articulação política, é acusado de intermediar repasses não declarados – caixa dois – para campanhas do PMDB em 2014. Na delação da empreiteira, é chamado de “primo”.
Em delação premiada, Claudio Melo Filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, afirmou que a empresa destinaria R$ 10 milhões para campanhas do PMDB, por intermédio de Padilha.
De acordo com o executivo, em jantar no Jaburu, com Temer, Padilha e Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira na época, Temer teria solicitado apoio financeiro para a campanha do PMDB a Marcelo, que definiu um repasse de R$ 10 milhões ao partido.
Desse total, R$ 4 milhões seriam entregues a Padilha, sendo uma parte entregue no escritório de José Yunes, ex-tesoureiro do PMDB em São Paulo e, na época, assessor especial da Presidência.
Yunes, um dos melhores amigos de Temer afirmou que recebeu, a pedido de Padilha, um pacote em seu escritório entregue por Lucio Funaro, conhecido como operador do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Moreira Franco
Citado 34 vezes na delação da Odebrecht, Moreira Franco, apelidado de Angorá, é acusado de ter pedido dinheiro não declarado à campanha do PMDB em 2014.
De acordo com a delação de Claudio Melo Filho, ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht, Moreira era um dos principais arrecadadores do partido, atrás de Padilha.
O delator disse ainda que o peemedebista pediu dinheiro para cancelar a construção de um aeroporto em Caieiras, na Grande São Paulo, em 2014, quando era ministro da Aviação Civil do governo Dilma. Em troca, segundo o delator, recebeu R$ 3 milhões em propina.
Paulo Cesena, ex-presidente da Odebrecht Transport, afirmou que Moreira recebeu R$ 4 milhões em nome do PMDB, em 2014. Ele teria feito o pedido a Melo.
Por meio de sua assessoria, Moreira sustenta que “jamais falou de política ou de recursos para o PMDB com o senhor Cláudio Melo Filho”.
O peemedebista assumiu a Secretaria Geral da Presidência da República na mesma semana em que o STF homologou 77 delações premiadas da Odebrecht. Com a nomeação, Moreira passou a ter foro privilegiado.
Bruno Araújo
Voto decisivo pelo impeachment de Dilma Rousseff na Câmara, o deputado licenciado Bruno Araújo (PSDB-PE) e atual ministro de Cidades também é citado como beneficiário de repasses da empreiteira para campanhas de 2010 e 2012.
O tucano aparece em planilhas do departamento de propina da Odebrecht, relacionado ao valor de R$ 100 mil. Os repasses foram confirmados por Melo, apesar de ele não ter mencionado os valores.
Em 2012, quando Araújo era líder do PSDB na Câmara, entregou a Melo a maior outorga da Câmara dos Deputados, a Medalha do Mérito Legislativo.
Aloysio Nunes
Empossado ministro de Relações Exteriores em fevereiro, o senador licenciado Aloysio Nunes (PSDB-SP) é acusado de receber caixa dois na campanha de 2010.
Em delação, o ex-diretor da Odebrecht Carlos Armando Paschoal relatou um pagamento de R$ 500 mil para a campanha ao Senado do tucano. De acordo com o delator, o pedido foi feito pelo próprio Aloysio e as entregas foram realizadas em duas ou três parcelas em hotéis na zona sul da capital paulista, por meio de uma pessoa enviada pelo senador, que usava senhas para os repasses.
Gilberto Kassab
Apelidado de Kafta na planilha da Odebrecht, o titular da pasta de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD), também é apontado como beneficiário de caixa 2.
O codinome “Kafta” consta em relatório da Polícia Federal referente à 23.ª fase da Lava Jato, batizada de Acarajé. Em planilha encontrada nesta fase, há registro de cinco pagamentos de R$ 500 mil cada, dois registrados no mês de outubro de 2014 e três em novembro de 2014.
Em delação, o executivo Paulo Cesena, ex-presidente da Odebrecht Transport, afirmou que o ministro recebeu R$ 14 milhões da empresa, em 2013 e 2014, via caixa dois.
Benedicto Júnior, presidente da Odebrecht, disse que a contribuição foi feita para apoiar Kassab nas eleições ao Senado em 2014 e nas campanhas do PSD.
Os pagamentos seriam motivados pela influência de Kassab em São Paulo, estado em que estava a parcela mais significativa do faturamento da empresa.
Marco Pereira
O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, negociou um repasse de R$ 7 milhões do caixa 2 da Odebrecht para o PRB na campanha de 2014, de acordo com delatores da empreiteira.
A informação consta nas delações de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e dono da empreiteira, e dos executivos Alexandrino Alencar e Fernando Cunha.
Os recursos, entregues em dinheiro vivo, compraram apoio do partido então presidido por Pereira à campanha de reeleição de Dilma e Temer.
O ministro teria negociado os valores diretamente com Alexandrino e esteve mais de uma vez na sede da Odebrecht em São Paulo para combinar a entrega dos valores em parcelas.
Os repasses, que incluíam também o apoio de PROS, PCdoB, PP e PDT à chapa governista foram de cerca de R$ 30 milhões, sendo os delatores.
Geddel Vieira Lima
O ex-titular da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima também está na lista de Janot. Em delação, Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, cita o peemedebista como responsável pela arrecadação para o partido, em troca de apoio no Congresso ou no Executivo.
Geddel é citado 67 vezes por Melo e conhecido pelo apelido “Babel”. De acordo com Melo, em 2009, o ministro recebeu um relógio de R$ 85 mil da empreiteira.
Em 2006, a pedido de Geddel, foram realizados pagamentos no total de R$ 1 milhão por meio de contribuições oficiais e também via caixa dois, afirmou Melo. Na disputa do peemedebista a governador da Bahia em 2010, o delator disse que houve um pagamento entre R$ 1 milhão e 1,5 milhão a pedido do político.
Cabe agora ao ministro Edson Fachin, relator dos processos relativos à Operação Lava Jato no Supremo, aceitar ou não os pedidos. Ele também decide se os casos serão enviados a outras instâncias.
Por exemplo, inquéritos com citações a governadores devem ser encaminhados para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ações de pessoas sem foro privilegiado, como o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff também podem ser enviados para outras esferas judiciais.
Caso os inquéritos sejam autorizados, começa a fase de investigação sobre o pagamento de caixa dois e de propina pela empreiteira. Se a Procuradoria-geral da República (PGR) entender que há indícios suficientes, oferece a denúncia, a qual cabe ao Supremo aceitar.
Todos negaram as denúncias e usam o expediente de transformar Caixa 2 que é enriquecimento ilícito e fraude em algo normal. Neste barco de imundícies até o Desembargador Presidente do TSE Gilmar Mendes defende que Caixa 2 não é crime.
Neste clima de sujeira, desconfiança e podridão do sistema como um todo, o povo está prestes a ser ainda mais penalizado, caso sejam aprovadas as Reformas da Previdência e Trabalhista. Justamente por estes homens de Temer que atuam nos ministérios e no Congresso, onde a quantidade de criminosos é ainda maior.
Administrador de empresas e jornalista
1)Parabéns pela excelente crônica.
Chegou-se a um ponto de criticidade que parece improvável o Governo Temer sobreviver. Resistir à queda é possível, mas o custo da resistência se tornará inviável, e manterá o país na UTI.
Pesa neste momento o isolamento dele em relação à opinião pública. Bate nele o maior índice de desaprovação da História republicana.
Como uma orquestra que enfrenta o ruído de uma locomotiva, e não consegue expressar sua sinfonia, da mesma forma o Governo Temer vive sob os gritos de protestos da multidão, e não consegue coordenar seus esforços. Os ministros transitam acochados, desacreditados, e deixam de ser engrenagens que movimentam a máquina da União.
Quanto mais abalado e encurralado um Governo, mais cede aos vícios do Legislativo. O momento mais propício para os piores elevarem sua importância.
2)É claro que o poder constitucionalmente exuberante e inconteste ofusca o pensamento do empossado e o faz resistir além do que seria aconselhável e oportuno para o funcionamento de um Governo. Decorrente desse excesso, assistimos nas últimas décadas a demoradas e sôfregas resistências, de Collor e de Dilma. Caíram Getúlio Vargas, João Goulart, Jânio Quadros. A Presidência da República no Brasil se notabilizou como perecível quase descartável. Um vice, ao contrário de um titular ungido pelas urnas, assume desautorizado, e não lhe é dado assim muito tempo para mostrar serviço. Deve conquistar a “autoridade presidencial” com ações imediatas de estadistas. O Governo do vice precisa de um consenso maior, de realizar mais em menos tempo e com maior eficiência.
Temer, apesar de sua longa experiência, não entendeu o recado da história. Cercou-se de “amigos”, com currículo tremendamente esgarçado, no lugar de figuras competentes, acima de qualquer suspeita e crítica.
3)Mais que uma equipe, convocou uma confraria, que o apoiou no processo de cassação de Dilma. E sempre se soube que quem é bom numa atividade não o é em outra que requeira excelsa competência. Usou apenas critérios políticos, e não técnicos. Em poucos meses viu tombar um atrás do outro os baluartes de sua fortaleza. Pior, em situação vexaminosa. Deixou cair o desemprego e as atividades econômicas numa profundidade desesperadora. Não vislumbrou medidas de desenvolvimento, de crescimento. Não chamou para si os setores produtivos e não se deu o trabalho de envolvê-los com seu governo. Não se apercebeu de que, enquanto a economia real estiver sangrando, continuará sendo o país fraco e problemático que já é. Enquanto quem trabalha precisa pedir permissão a quem não entende seu esforço e não sente seu desespero, não haverá solução. O Brasil é uma ditadura cleptocrática nas mãos de insaciáveis especuladores.
4)Ficou inerte a recessão, permitiu que se continuasse e se acentuasse o sofrimento social, que se ampliasse a miserabilidade no país.
Assistiu anestesiado ao crescimento de 3 milhões de desempregados, não se solidarizou com o sufoco, não explicou suas ações.
Rendeu-se à fórmula econômica ortodoxa, monetarista. Meirelles não é um homem de “fábrica”, é, essencialmente, banqueiro (ainda trabalhou para a JBS, fazendo dela a maior tomadora de empréstimos do BNDES e dos bancos oficiais).
Suas retinas enxergaram a vida toda o mundo como um fator tendencialmente monetarista, e de lucros provenientes da especulação. Isso não se coaduna com a estreiteza, a fragilidade e o curto raio de manobra de um presidente que entrou no Palácio do Planalto pelos fundos.
5)As soluções adotadas para enfrentar a crise foram e são claudicantes, tardaram para chegar aos setores produtivos e a gerar efeitos positivos na vida da nação.
Dificilmente daria outro resultado com um banqueiro forjado na especulação sem compromisso com o emprego e a riqueza nacional.
Temer se esqueceu da fórmula adotada por Itamar Franco ao suceder Fernando Collor. Agora parece ter perdido todas as fichas que a sorte lhe ofereceu, para se legitimar e justificar a faixa que lhe caiu nos ombros.