Foto: Cleiton Borges/SECOM

Pedro Henrique Lopes foi diagnosticado com cegueira e autismo logo após o nascimento. Hoje, aos seis anos, é aluno da Escola Municipal Irmã Odélcia Leão Carneiro e é atendido pelo Atendimento Especializado Educacional (AEE). Para sensibilizar os colegas e fazer com que entendam os desafios enfrentados por Pedro e por outros deficientes visuais, foi criado o projeto ‘Troque linhas por celinha* – de ponto a ponto, juntos semeando a inclusão’.
Por meio de uma parceria entre professoras do AEE e estudantes do primeiro semestre de Marketing do Centro Universitário Una, 160 alunos do 5º ano passaram, durante todo o semestre, por situações vivenciadas por quem tem baixa ou nenhuma visão. Passeios pela escola com os olhos vendados seguindo o piso tátil é uma das atividades que permitem aos videntes (pessoas que enxergam) entenderem as necessidades que os cegos têm no dia a dia.

Estímulo a outros sentidos

Na tarde desta quarta-feira (21), mais uma etapa do projeto foi desenvolvida. Uma sala sensorial foi equipada com diversos objetos para que os alunos pudessem desenvolver as percepções táteis, tentando descobrir o que são os objetos ali dispostos. Além disso, um óculos de realidade virtual foi disponibilizado para que as crianças entendessem qual é a sensação de cegos e pessoas com baixa visão em locais movimentados da cidade. Em um outro espaço da escola, professores contaram histórias sobre inclusão de pessoas com todos os tipos de deficiência, tanto auditiva quanto motora.
Para Jhonatan Araújo Lima, de 11 anos, se não fosse o projeto, jamais saberia os desafios que um deficiente visual enfrenta. “Achei a experiência muito boa. Andar pela escola no escuro foi meio desesperador. Agora sim eu sei como um cego vive e entendo que preciso ser ainda mais parceiro do Pedro”, contou. Já Nathaly Souza, de 10 anos, acredita que a atividade foi marcante. “Agora eu sei um pouco do que o Pedro Henrique sente”, afirmou.
Segundo Heloísa Rosa e Silva, professora de Braille e deficiente visual, o projeto permite que os alunos trabalhem a inclusão da pessoa com deficiência. Ela nasceu com baixa visão e deixou de enxergar completamente quando se tornou jovem. Uma das maiores dificuldades da professora era contar com o apoio dos colegas.
“Não é porque eles não queriam. Eles apenas não sabiam como agir, não tinham noção da maneira que caminhar, ir ao banheiro e fazer outras coisas – tidas como simples para muita gente – era para mim. Por isso, tanto o cego quando o vidente é trabalhado nesse programa. Tratamos também sobre outros assuntos, como o bullying. É uma maneira das crianças passarem por experiências novas, mostrando que todos merecem respeito”, concluiu.
O projeto ‘Troque linhas por celinha* – de ponto a ponto, juntos semeando a inclusão’ acontece até dezembro, e a partir do segundo trimestre, outras crianças serão incluídas na iniciativa.

*Celinha é o conjunto de pontos que formam as letras no sistema braile.