Ivan Santos*

A Comissão Executiva do PSDB (Tucanato) deve reunir-se hoje à tarde para discutir um eventual afastamento da Base de Apoio ao Governo do presidente Michel Temer (PMDB). Afastamento por quê se os tucanos comandam quatro Ministérios e cargos importantes no segundo escalão do atual Governo? Simplesmente porque um grupo barulhento e agitado de tucanos, principalmente parlamentares jovens, desconfia que a atual impopularidade do Presidente Temer possa prejudicar em 2018 os pássaros bicudos que continuarem a apoiar o Governo. É oportunismo imediatista, com certeza. Os tucanos mais velhos e experientes que sabem que política é como nuvem que muda de um instante para o outro não apoiam o afastamento do Governo neste momento. O ex-presidente Fernando Henrique, que conhece instabilidade política de cor e salteado, não deu sinal de apoio a nenhum desembarque nem garantiu que irá à reunião. Outro tucano escolado que já enfrentou várias turbulências, o senador Tasso Jereissati que comanda hoje o PSDB e deverá presidir a reunião, não se apresenta como defensor do desembarque do navio do PMDB neste momento e prefere permanecer embarcado até que chegue ao Congresso um pedido de impedimento do chefe do Governo a ser, possivelmente encaminhado pelo Procurar Geral da República, Rodrigo Janot. Tasso Jereissati conhece o outro lado da escura floresta política e sabe que não há noites externas no jogo do poder. Jereissati defende a espera dos acontecimentos para apoiar a permanência de Temer até 2018 porque ele não será candidato à reeleição se até o ano que vai continuar impopular. Tasso também sabe que se Temer cair até o fim deste ano, quem se eleger, direta ou indiretamente, poderá gostar do poder e decidir, com apoio do Palácio do Planalto, continuar no cargo após 2019. Uma tal hipótese deixaria todos os partidos, hoje desgastados, a ver navios numa praia deserta. Política não é arte a ser conduzida por mulheres ou homens precipitados.

*Jornalista