Marília Alves Cunha*

Tenho a forte e triste impressão de que o nosso Congresso Nacional, mais uma vez, agirá regulado por seus próprios interesses em questões importantes para a nação. Distanciados da nossa realidade, vivendo momentos em que, para os congressistas, o importante é salvar a própria pele, esquecidos de que o povo que os elegeu certamente e, se Deus quiser, irá esquecê-los na próxima eleição. Bradar “diretas já” num momento de extrema dificuldade para o país cheira a oportunismo e casuísmo e é bradar contra a nação. Votar contra a prisão pós julgamento em segunda instância é afrontar a sociedade brasileira que não aceita mais esta “instituição” impunidade, criada e aperfeiçoada por nossas casas de lei. O Brasil está paralisado, esperando que nossos ilustres políticos resolvam os “imbróglios” e ponham a máquina para funcionar. Aliás, parado seria bom. Está em plena marcha ré…
Enfim, não quero falar de política (e já falando…)! Muitas vezes não falando dela, estaremos colocando-a em ressalto. Como dizia Bertold Brecht: “Que continuemos a nos omitir da política é tudo que os malfeitores da vida pública mais querem…”
Há pouco tempo atrás dei um giro pela Europa, a velha e boa Europa. O orgulhoso continente que soçobrou duas vezes, pelo embate de duas grandes guerras mundiais e levantou-se glorioso, a nos mostrar que a fibra de um povo e o compromisso de seus governantes faz verdadeiros milagres. Passei pela Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha e República Tcheca. E em cada lugar encontrei algo de bonito, charmoso, terno, especial a me chamar a atenção. A Europa é o encontro perfeito entre o antigo e o moderno. O respeito ás tradições e à história combinados perfeitamente com alto grau de modernidade e tecnologia, fazem-na digna de ter um capital turístico invejável. Mas, algumas coisas que ás vezes se fazem despercebidas, chamaram e muito a minha atenção.
Em todos os lugares onde passei, não vi cachorro ou gato abandonado, perambulando pelas ruas. Muitos animaizinhos, sim, no colo de seus donos ou passeando tranquilos pelas bonitas praças e jardins. Sempre acompanhados e bem tratados. Senti vergonha pelo modo como tratamos os nossos animais, de como os deixamos à mercê da sorte, famintos, doentes, maltratados. Senti tristeza por não termos políticas públicas exequíveis que protejam os animais e ainda mais constrangida por não sermos um povo altivo, exigente, que luta apaixonadamente por suas causas, em favor, inclusive, dos animais.
Andei bastante de ônibus por aqueles países, As estradas são impressionantes, principalmente na Alemanha. Asfaltamento perfeito, sinalização idem. As margens, extremamente cuidadas, ajardinadas, com lindos bosques. A paisagem que se vê ao redor é sempre de um extremo zelo. Confesso que uma inveja (branca) corroeu um pouco meus mais puros e singelos sentimentos…
Fiquei muito impressionada com o orgulho que os europeus, de modo geral, têm de sua terra e de suas coisas. E como gostam de demonstrar isto. Tudo, desde as coisas mais simples se transformam em ponto turístico e tudo é mostrado com empenho e em detalhes. É um grande esforço e um grande empenho para que os turistas se encantem e se apaixonem para sempre…
Rios e canais cortam as cidades, com águas límpidas e margens caprichosamente desenhadas. Um prazer enorme passear de barco pelo Reno e canais de Bruges(linda cidade medieval) tomando um delicioso vinho, em companhia de amigos. Fiquei pensando no Brasil, de tantas belezas naturais, tão pobremente exploradas…
Bem, de volta, depois de dias maravilhosos, abençoei o meu lar e me aconcheguei nele. As almofadas me esperavam, no formato do meu corpo. Viajar é muito bom, rever o lar e a família é o epilogo da feliz aventura… Fica a lembrança de muita beleza e cultura e, com certeza, a vontade de voltar um dia à velha e boa Europa…

*Marília Alves cunha