Alunos e professores em construção coletiva de processos criativos durante o projeto “Territórios de Invenção – Residências Musicais”

Como a música inventa territórios? Lançando sons e palavras no espaço público para uma educação musical e criação artística em territórios de Minas Gerais. Esses são os pilares do projeto “Territórios de Invenção – Residências Musicais”, viabilizado pela Secretaria de Estado de Cultura (SEC), por meio do Programa Música Minas, e desenvolvido pela Fundação de Educação Artística (FEA).
Dinamizar e fortalecer o fomento à cultura musical mineira, com foco em processos artísticos colaborativos, realizados em seis residências musicais, com mais 180 pessoas envolvidas entre alunos, profissionais da música e professores consagrados na cena musical mineira, foi o objetivo das vivências realizadas a partir da ação do Governo de Minas Gerais, na capital e no interior do estado.
Em Diamantina, dez dias intensos de música e pesquisa do rico patrimônio de composições e partituras, desde os anos 1980, encontrados nos acervos da cidade, orientaram o território da residência. Essa experiência, inclusive, levou a mineira Anna Paula Cruz Duarte, musicista desde os cinco anos de idade, a dar novos rumos para sua carreira profissional e voltar seu interesse para fazer carreira na área da música.
“Na época dos Territórios de Invenção, eu estudava Engenharia e já estava em períodos avançados, faltando pouco para me formar, e ainda não havia me encontrado. Logo após a residência terminar, tomei a decisão de seguir carreira na música e vim para a capital estudar flauta doce na Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). A música sempre esteve na minha vida. Agora, vai virar profissão e coisa séria e, além de seguir tocando como instrumentista, quero, em um futuro breve, levar os conhecimentos sobre música para a sala de aula”, aponta.
A nova estudante conta que, durante as duas semanas de residência, os alunos, em sua maioria músicos aprendizes, vivenciaram um momento especial. Juntos, percorreram os acervos da cidade e descobriram ou redescobriram partituras do século XIX para tocar, ouvir e ensaiar. Uma construção coletiva e cheia de estímulo à criatividade: “Foi uma grande oportunidade de resgatar as partituras, ver a recuperação, catalogar e aprender a usar essas relíquias da música mineira”.
Segundo ela, o concerto de encerramento da residência com os alunos e professores, em uma igreja local, encantou a população de Diamantina. “Foi emocionante ver o brilho nos olhos das pessoas ao ver os músicos tocando as partituras de compositores diamantinenses, ou seja, música das próprias raízes deles”, completa.
O projeto levou residências musicais gratuitas e democráticas para os municípios de Diamantina (Território Alto Jequitinhonha), Pouso Alegre (Sul), Montes Claros (Norte), Uberlândia (Triângulo Norte), Ouro Preto (Metropolitano) e Belo Horizonte (Metropolitano). Além disso, no dia 24 de maio deste ano, resultou no lançamento do livro “Territórios de Invenção: por uma formação musical expandida”, publicação organizada pela pesquisadora Lúcia Campos, e na realização do documentário “Territórios de Invenção”, produzido pelo cineasta Pedro Aspahan.