Diogenes Pereira da Silva*

Hoje, o Brasil passa por mais uma difícil fase da sua história política, marcada por escândalos que se multiplicam, admitindo, sem medo, pessoas inidôneas no desempenho de função pública. Nada mais surpreende, nem mesmo as manobras vergonhosas e espúrias que são exibidas nos noticiários, deixando pouco ou quase nada de tempo para o telespectador, o leitor se informar de algo que não envolva corrupção.
Não pode ser surpresa para o brasileiro o envolvimento de políticos como o Presidente Temer e Aécio Neves, pois a prática da corrupção nos órgãos públicos é institucionalizada e não é diferente no setor privado, onde a sociedade que muitas vezes cobra, a pratica com frequência e também está envolvida. Embora o amanhã só a Deus pertença, acredito que o pior está por vir em termos de corrupção, caso as investigações alcancem outras estatais e bancos do Governo Federal, como a Caixa e o Banco do Brasil e em Minas Gerais CEMIG e outros..
A previdência social não é um caso a parte, pois trata-se de uma área vital do setor público e tem sido noticiado como uma das áreas mais afetadas pela má gestão pública, agora só falta desvendar a corrupção que possivelmente resultou em todo o déficit que a previdência tem hoje. Por exemplo, apenas em 2013, 56 fraudes que causaram um prejuízo de 82 milhões de reais aos cofres públicos, foram confirmadas pelo Ministério da Previdência Social. O dinheiro estava sendo destinado para pessoas que passaram a receber benefícios depois de apresentarem documentos falsos, como atestados médicos ou comprovantes de união estável.
Entendo que a ideia de que o que o país necessita é de uma “limpeza”, tal como temos lido e assistido todos os dias na grande imprensa nas últimas semanas, é uma opinião completamente fora da questão necessária às resoluções dos problemas. Pois sem corrigir alguns processos na disposição do Estado e do aparelhamento político, a corrupção continuará presente nestes mesmos lugares, com ou sem Operação dos órgãos de combate à corrupção.
Outro fator preponderante, é que não podemos desvirtuar da realidade das delações premiadas, que têm deixado praticamente impunes os que cometeram crimes tão ou mais prejudiciais a sociedade brasileira. Ou seja, diz respeito à ordem do cotidiano, essa questão surge porque sempre identificadas à corrupção no outro. Para o Ministério Público, que tem enfatizado as delações criou uma abrangência de perdão aos delatores, o que não pode acontecer porque cometeram crimes gravíssimos, pode até ser atenuados, mas não da forma como está sendo feito. Olha só o exemplo da JBS… O perdão total dos crimes fará com que todo o trabalho até hoje desenvolvido para alertar a sociedade sobre a corrupção cotidiana, acabará banalizando-a com impunidade. Por isso, a importância das ações dos juízes e do MP, que não podem estender os benefícios das delações ao ponto de banalizá-las ou incentivar a corrupção.
É preciso acredita numa formação de consciência da sociedade. De construção de uma nova geração. Não é possível um País informatizado como o Brasil movimentar tantos Bilhões de reais sem que o banco central tenha conhecimento, mesmo sendo caixa dois, há como acompanhar esse montante. Então, esperem, porque a qualquer momento, muitos outros poderão cair mesmo aqueles que nunca foram citados.

*Policial Militar aposentado – diogenespsilva2006@hotmail.com