Gustavo Hoffay*

Criado em estrito padrão e disciplina característicos dos habitantes do nordeste de Minas Gerais, embora belorizontino e de mãe norte-americana, ainda muito jovem adaptei-me às radicais mudanças sociais dos já distantes anos sessenta e setenta, quando uma engenhosa reestruturação política foi levada a efeito. O governo federal passou a ser comandado pelos militares e muito embora competentes autoridades civis tivessem contribuído de maneira decisiva em necessárias mudanças que faziam-se urgentes. E nesse ponto teve magno destaque a pessoa do uberlandense e então governador Rondon Pacheco, cidadão que tomou para si a batuta e a responsabilidade para reger as obras necessárias a uma perfeita harmonia entre o nosso povo, diante de numerosos e exigentes desafios que ameaçavam uma vida pacífica e reconciliada com o progresso. Portanto, adquirir ou fazer ressurgir um sentimento de patriotismo era algo de sublime que impunha-se a cada brasileiro que, de fato, amasse essa sua pátria e por ela se dedicasse. Concomitantemente, numa época em que a guerra entre as duas Coreias custava dezenas de milhares de vidas e vinte bilhões de dólares, o mundo testemunhava a revolta dos estudantes franceses e alguns anos mais tarde o movimento que ficou conhecido por Revolução dos Cravos, em Portugal; a dita “Guerra Fria” entre a Rússia e os Estados Unidos conquistava a atenção da humanidade e fez surgir o movimento “Paz e Amor” a partir da geração Hippie, pouco depois do grande movimento antirracista norte-americano promovido por Martin Luther King e a consequente moda do cabelo “Black Power” . Tudo isso em plena efervescência da Guerra do Vietnã e a qual tornou-se no maior fracasso militar norte-americano de toda a história. Meu Deus, quanta bagunça e carnificina. Prosseguindo, no início dos anos oitenta assistimos a vizinha Argentina ser humilhada pelo poderio militar inglês, quando da “Guerra das Malvinas” e numa tentativa de imposição do general-presidente Leopoldo Galtieri frente aos hermanos pro-democracia; uma guerra que ceifou a vida de centenas de jovens argentinos e ingleses. No início deste século uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos travou uma guerra contra o Iraque, imediatamente após o trágico “11 de setembro”, em Nova Iorque, quando 1.116 pessoas foram desintegradas no atentado contra as Torres Gêmeas. O Brasil dos anos oitenta, distante de qualquer conflito bélico enquanto todas aquelas tragédias pipocavam mundo a fora e ainda gozando de uma democracia recém-conquistada, depunha Collor e elegia Lula….Ufa! Mas ainda tem mais…. Hoje assistimos a troca de farpas entre Estados Unidos e Rússia e, de quebra, a tumultuada situação criada por um mimado e desvairado ditador norte-coreano, destituído de qualquer princípio moral e ético, disposto a lançar misseis com bombas nucleares em suas respectivas ogivas em direção ao país de Trump que a essa altura, ainda em “lua-de-mel” com o poder emanado desde o Salão Oval da Casa Branca, está a um dedo de dar início a uma guerra absurdamente colossal e de consequências terríveis para todo o mundo. E tudo isso e muito mais agrava-se em uma semana em que o Evangelho prega a fraternidade e a benevolência entre os homens, incluindo o perdão aos ofensores e o amor aos inimigos. Hoje e mais que nunca a violência das paixões como a cobiça pelo poder a partir de governantes totalmente inaptos e ineptos, tem suscitado situações que causam-nos preocupação e diante da possibilidade de devastadoras consequências. Entre naquelas duas superpotências e agora com o conflito que envolve as duas Coréias, assistimos o quanto a desconfiança e o medo de Putin e Trump lançam areia nos olhos da população mundial. Cada qual julga-se mais poderoso que o outro e ataques surpresa podem ocorrer a qualquer momento. O horror e perversidade de uma guerra em grande escala crescem a cada hora e desmesuradamente. Uma chacina total ou quase total e devastação por todo o globo devem ser consideráveis e nefastas. Enfim, depois de tantas tragédias, guerras e atentados terroristas resta agarrarmo-nos à uma esperança de paz; medo, quando dele iremos afastar-nos? A esperança deve continuar sendo perseguida? De tão simples a solução parece-nos impossível de ser praticada: uma renovação ética ter início no coração dos governantes, para que progressivas negociações pela paz e inspiradas no princípio da reciprocidade sejam levadas adiante, tendo-se em mira a paz mundial. Oremos, cada um em seu credo, pela remoção da grande ameaça de suicídio coletivo da humanidade ou de uma guerra nuclear que já dá mostras de uma realidade que jamais imaginávamos!
Gustavo Hoffay
Agente Social
Uberlândia-MG