Há um ditado popular que diz que “errar é humano, continuar errando é burrice”. Fazendo uma simples analogia do mencionado ditado podemos afirmar que estamos vivendo um estado de burrice. Mais uma vez os dados apresentados pelo PISA, uma prova que avalia a educação em vários países do mundo, demonstram que a educação brasileira está entre as piores dentre os países em que foram aplicadas a prova. Em alguns itens houve uma regressão, uma decadência; resumindo, pioramos nossos índices nos últimos anos.
Erramos, pois no nosso país a educação nunca foi prioridade, nunca foi tratada como deveria. Sempre envolta de modismos que nunca de fato encararam os problemas. Insistem em inventar situações que aparentemente são maravilhosas, que prometem resolver todos os problemas, que darão uma nova dinâmica no processo ensino-aprendizagem, mas de fato na sala de aula, não acontece nada; na verdade perpetuam o descaso para com as pessoas.
A educação, na maioria de nossas escolas, se formos realistas, observaremos que ela tira as possibilidades de desenvolvimento das pessoas. Infelizmente nossas escolas estão se transformando em são fábricas de formação de analfabetos funcionais. Triste realidade!
Estes analfabetos por terem o diploma na mão se sentem no direito, e de fato os tem, de exercerem funções para as quais não estão preparados. Todos os dias presenciamos erros profissionais das mais variadas formas, alguns simples, mas tantos outros que defrontam com a vida de pessoas. Mortes por erros profissionais estão a cada dia se tornando mais frequentes. Não me refiro aqui somente à morte física, mas todos os tipos de morte, inclusive a morte que proporcionará o atrofiamento intelectual do próprio ser. E talvez esta seja a pior de todas!
Já estamos cansados de saber se queremos transformar o Brasil em uma grande nação não há outro caminho a não ser pela educação. Todos os países considerados desenvolvidos tratam a educação como prioridade, sabem que dela dependem o seu desenvolvimento e a manutenção de suas conquistas.
A história nos mostra com clareza o divisor de águas dos países que se desenvolveram. Não fizeram mágicas, não enganaram, simplesmente educaram o seu povo. Todos os países sem exceção criaram um sistema eficiente de educação. Um sistema que educa as pessoas, que não passa a mão na cabeça e nem tão pouco cria uma sociedade de ilusões.
E pelo visto a dita burrice nos acompanhará por mais uns bons anos. Digo isto porque ser professor no Brasil não chama a atenção de mais ninguém. Basta fazer uma simples verificação nas faculdades e universidades, os cursos para a formação de professores estão praticamente vazios. Os que aparentam funcionar são os cursos à distância (algo que merece uma outra reflexão). Formando assim aquele ciclo vicioso da apatia intelectual. Professor escasso ou mal formado, não dará uma aula minimamente boa, não colaborará com o desenvolvimento do seu aluno, que se transformará em outro profissional de qualidade duvidosa, e assim vai, a ciranda da mediocridade não para.
A mediocridade das pessoas se reflete na qualidade de vida, no valor que damos à vida, na forma que gastamos a vida. A mediocridade está presente na violência, no tráfico, no jeitinho, na corrupção e em tantos outros males que insistem fazer presença na nossa hipócrita sociedade.
Quando será que a educação se tornará uma prioridade para os nossos gestores? Quando será que a população cobrará uma educação de qualidade? Quando será que de fato a população brasileira dará o devido valor à educação? Confesso que não consigo enxergar nenhuma resposta para tais questionamentos. Quando as vejo parecem ser tão sombrias que prefiro acreditar que não as tenho.
Se de fato o ditado popular descrito no início deste artigo for verdade, restam-nos dois caminhos, ou saímos deste estágio de letargia através da mudança de postura, de atitudes e de fato tratemos a educação como ela deve ser tratada ou partimos para a formação de pastos, pois a tendência é faltar capim para todos nós.
Walber Gonçalves de Souza
Professor e membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni.