Há várias expectativas em relação à natureza humana, às questões e aos acontecimentos nos presídios brasileiros, especialmente pelo derramamento de sangue nos estados do Amazonas e de Roraima, totalizando mais de 90 detentos mortos desde o inicio de 2017. Essências fundamentais dos seres humanos estão sendo colocadas em cheque, naturalmente pela crueldade, exclusivas da morte de presos.
Filósofos humanistas determinam o bem e o mal por meio do que seriam as “qualidades humanas universais”, mas outros críticos, estudiosos e naturalistas empregam esses termos como meros rótulos colocados como comportamento individual e estão em conformidade com as expectativas da sociedade, ou seja, trata-se do resultado da nossa socialização. Passando esse conceito para a realidade de nossos presídios, percebe-se claramente que o sistema carcerário brasileiro está falido há décadas, além de ser duramente criticado, refere-se à lógica de que os seres humanos encarcerados, como todos os elementos físicos, são objeto de causa e efeito. Será?
Muitos entendem que as nossas ações resultam do meio social e fatores expostos pela fragilidade e ineficiência do Estado, talvez essa sim, seja a maior causa dos desastres e mortes nos presídios.
Os rios de sangue das últimas semanas nos presídios alimentaram os mais diversos comentários, infelizmente, poucos de comoção, mas na maioria fazendo apologia à violência abertamente, à barbárie, como se de sangue gostasse boa parte da sociedade brasileira. Não sou eu, mas os comentários estão expostos, descritos na Web para quem se interessar em ler. Um equívoco comum é que boa parte dos que acreditam e apoiam, ou até torcem para que continuem ou aumentem as mortes entre presos, acreditando que a discussão não faz sentido e que o futuro já está definido, quando na verdade a maioria mantém a ideia de que nós devemos decidir sobre as ações e que isto é parte da complexa interação entre causa e efeito.
Outro aspecto discutido muitas vezes da relação do homem encarcerado, que transcende os atributos físicos, bem como a existência de qualquer propósito transcendente, é a capacidade, facilidade e estomago que têm alguns presos para decapitar, esquartejar membros de outros presos como se normal fosse e o bem e o mal fossem a mesma coisa ou distintos por questões menores que a vida, e não como se amoldam ao caráter descrito nas leis e nos bons costumes.
Se temessem a lei, fatos horripilantes como esses aconteceriam? Claro que não! O que ocorre no Brasil é que ninguém teme ou acredita nas leis. Nem presos, nem parte significativa de cidadãos encorajados pela impunidade sentem o mínimo de temor e conclamam a fábrica dinâmica de prisões insalubres e tantos outros adjetivos.
É preciso debater com o objetivo de levar o leitor a entoar as questões do cotidiano e no esclarecimento de dúvidas representadas por fatos reais vivenciados em nossos presídios. Do ponto de vista dos seres humanos, não podemos enfatizar apenas pelos eventos e fenômenos naturais. A vida e a morte não podem ser sinônimos, nem ações nem de soluções de conflitos e falta da presença do Estado.

Diógenes Pereira da Silva
Tenente do QOR da PMMG – diogenespsilva2006@hotmail.com