“Terra arrasada” é como Odelmo Leão (PP) acredita conquistar a Prefeitura de Uberlândia nas urnas. A Câmara municipal com 27 cadeiras tem 17 partidos: PP, PSB, PDT, PT, PRB, PSDB, PSC, PSD, PSL, SDD, PR, PMDB, PMB, PTC, PRP, PMN e DEM. Sistema eleitoral cria disfuncionalidade institucional entre Prefeitura e a Câmara com o multipartidarismo, sem competição partidária, aumentando a descrença na democracia eleitoral para suprir as necessidades sócio-econômicas e ambientais dos habitantes de Uberlândia.
A crise econômica não chegou ao fundo do poço. Não há sinais concretos do fim da recessão e do inicio do crescimento, mesmo com o aumento da confiança dos empresários e consumidores. A produção industrial teve retração e o varejo é decepcionante, com escassez de crédito, juros elevados, desemprego e queda da renda. Políticos são os responsáveis pela recessão econômica, dado que se os recursos são econômicos, as decisões são políticas. Democracia eleitoral oferece perguntas sem respostas: como maximizar o interesse público com 17 partidos na Câmara? Como aumentar os controles sobre a governação pública? Como tornar eficiente a utilização dos recursos retirados da sociedade civil, contidos na PPA, LDO e LOA? Como transformar vereadores em “meios” fundamentais para a problematização dos “fins” múltiplos e antagônicos advindos dos eleitores-contribuintes? Cada partido é definido por Panebianco como partido profissional-eleitoral, cujos “donos” são empreendedores vorazes por recursos financeiros dos grupos de interesses e do fundo partidário, em troca funcionam como “despachantes” desses financiadores, compradores dos “serviços” desses vereadores, decantando a corrupção sistêmica, endógena ao sistema político, onde os políticos são capturáveis pelos financiadores que os tornam dóceis aos seus interesses particulares no capitalismo com democracia brasileiro.
Odelmo Leão (PP) tem de compartilhar “poder e recursos”, dado o multipartidarismo na Câmara, antevendo eliminar dificuldades para a sua governança. Prefeito: depende de seu talento para fazer essa distribuição de “bens públicos” para a coalizão, dominando a Câmara com sua agenda governativa. Tática ótima: transferir “recursos e poder” para a coalizão e, no varejo, para a oposição ocasional. É fácil “torear” esses vereadores, dado que sem o prefeito, esses vereadores terão um risco maior de não serem reeleitos: único auto-interesse. O menor dos problemas do prefeito Odelmo Leão (PP) serão esses vereadores. Contas públicas deficitárias é a bomba deixada em seu colo, com queda das receitas correntes. Momento disruptivo para o Brasil vai testar a competência administrativa do Odelmo Leão (PP), cuja ação administrativa dependerá da capacidade de efetivar: (1): Criação de Forças-Tarefas com pessoas com diferentes expertises, criando projetos: BNDES, Parceria Público-Privada, Organização Social e Concessões; (2): Cercar-se de funcionários e secretários engajados, com senso de urgência e empolgação; (3): Estipular prazo de solução para os problemas priorizados, com comunicação diária à população. Se o prefeito Odelmo Leão (PP) for um comandante eficaz, talvez, tenha sucesso no longo prazo. Governação democrática da “coisa pública” é sempre lenta e custosa. O prefeito pode fracassar sem crescimento econômico. Pior: os que saíram da pobreza começam voltar a ela, com aumento da desigualdade de renda e violência.

João Batista Domingues Filho
Cientista Político