Equipe investigou as características genômicas e epidemiológicas da variante descoberta em Manaus

Giulia Ferreira faz parte do Laboratório de Virologia da UFU. Foto: Arquivo pessoal

Publicado na Science, revista da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em 21 de maio, o ARTIGO desenvolvido a partir de uma colaboração entre pesquisadores de universidades brasileiras e de outros países analisou a P1, variante brasileira da Covid-19 descoberta em Manaus, no estado do Amazonas. A pesquisa investigou a emergência da linhagem P1 e explorou as explicações epidemiológicas para o ressurgimento da doença em Manaus.
Giulia Ferreira é doutoranda pelo Programa de Pós Graduação em Imunologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade Federal de Uberlândia (PPIPA/UFU) e colaborou na parte experimental da pesquisa.
As amostras positivas de coronavírus provenientes de Manaus passaram por procedimentos de extração de RNA, transcrição reversa, PCR convencional, purificação e sequenciamento. “Através desses experimentos e de análises computacionais pôde-se observar e descrever a circulação da P.1 dentre os pacientes acometidos pela Covid-19 em Manaus”, afirma Ferreira.
O estudo mostrou que a variante P1 provavelmente surgiu em Manaus em meados de novembro, época que registrou grande número de casos de Covid-19. “Acreditamos que a epidemia generalizada sustentada em Manaus foi um cenário potencial para o surgimento da P1”, explica a pesquisadora.
Giulia Ferreira esclarece que, para entender a forma de atuação viral, precisamos compreender sua biologia molecular; nesse caso, entender como é o genoma do SARS-CoV-2 e como ele funciona. E é justamente nesse aspecto que o estudo se foca, no sequenciamento genético viral.
“Com as informações geradas pelo sequenciamento, também conseguimos estimar se as mutações encontradas apresentam alguma característica alarmante e também auxiliam nos estudos sobre a proteção gerada pelas vacinas”, completa.
Diante da disseminação rápida da linhagem P.1, já detectada em mais de 36 países, é importante fazer a chamada vigilância genômica para acompanhar as modificações que o vírus vem desenvolvendo.
Ferreira acrescenta: “Vale lembrar que enquanto o acesso a vacinas eficazes não esteja disponível para todos, as intervenções não farmacêuticas (como a utilização de máscaras e o distanciamento social) devem continuar a desempenhar um papel importante na redução do surgimento de novas variantes”.
O projeto foi iniciativa do Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) e contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), da Medical Research Council (MRC), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e de outras instituições.