Ivan Santos*

Peço licença ao jornalista Nelson Mota para transcrever hoje, neste espaço, parte de um texto dele publicado no jornal “O Estado de São Paulo” sob o título: “Mundo Animal”. Está assim no texto: “Como parte dos deveres e prazeres de um avô, levei minhas netas ao Jardim Zoológico – o mesmo que me encantara na infância. Na saída, elas estavam meio decepcionadas, e o avô deprimidíssimo.

Os grandes felinos, atração máxima dormiam prostrados, uns na toca, outros no fundo da jaula. Pareciam dopados, mas me disseram que os tratadores lhes antecipam o almoço para que apaguem e não se perturbem com as multidões de crianças e adultos gritando em frente ao cativeiro. Elas querem ação, e os pobres grandes felinos só querem dormir, talvez sonhar que estão numa savana africana correndo atrás de antílopes. O velho elefante empoeirado balançava a tromba em desalento. O hipopótamo, talvez com vergonha, estava enfiado no seu abrigo e exibia só a traseira descomunal.

Dois pinguins tinham sido comidos, na véspera, por enormes e ferozes cães vira-latas vindos das matas e favelas vizinhas. Mais ferozes e malandros do que as feras enjauladas cavaram um túnel sob a cerca e devoraram as aves. O que há de educativo em ver bichos tristes e humilhados, expostos à visitação pública? É uma perversão do que se vê nos espetaculares documentários da televisão, onde realmente se aprende sobre os animais. E sobre nós mesmos.

Os parques abertos, tipo Kruger ou Simba Safári, são mais humanos para os animais que vivem livres na natureza e podem ser observados de dentro dos carros pelo público. O cativeiro só se justifica para preservar espécies em extinção que merecem zôos cinco estrelas para reproduzir e voltar à vida selvagem. É espantoso que, em plena era da ecologia, da sustentabilidade e da correção política, ainda existam jardins zoológicos. São provas vivas de crueldade com os animais e deveriam ser extintos. No Rio de Janeiro, a lei já proíbe exibir animais em circos e é cumprida.

Uma vez sugeri aos amigos do Casseta & Planeta um quadro em que animais livres e pacíficos passeavam com seus filhos por um zoológico com jaulas cheias de humanos mentirosos, gananciosos, covardes, sádicos e assassinos. O que mais divertia os filhotes dos macacos era a gaiola dos políticos ladrões”. O texto é uma denúncia contra a crueldade visível em cada zoológico. Não há justificativa para manter um zoológico no Parque do Sabiá. O fechamento dessa prisão de animais seria um exemplo para o Brasil.