Ivan Santos*

A sociedade brasileira enfrenta neste momento três crises perturbadoras: uma sanitária causada por um vírus que se espalhou rapidamente por todo o mundo, crise econômica que poderá abater mais de 30% das empresas nacionais e uma crise política que separa brasileiros de uma suposta esquerda de outros que se apresentam como da direita. Nos dois estremos aparecem radicais que agem sem se preocupar com a pandemia.
O Capitão-Mito Bolsonaro, se elegeu presidente da República para chefiar um governo para todos, mas decidiu aliar-se a um grupo de extrema direita que hoje reúne cerca de 28% da população e considera como “inimigos comunistas” o restante da nação. Os situacionistas imaginam que têm apoio das Forças Armadas, Polícias Militares e Civis, empresários, financiadores de fakes News, blogueiros e grupos que defendem a liberação de armas para a população e acreditam que Deus os protege. O outro grupo reúne supostos antifascistas, intelectuais esquerdistas autointitulados defensores da democracia, enfim, antigovernistas. Ambos os grupos se mostraram radicais, na semana passada, na Avenida Paulista, em São Paulo.
O grupo que defende incondicionalmente o Governo do Mito pediu o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso porque não aceita o debate democrático dos que pensam diferente. Querem unanimidade para um governo que gostaria de atuar sem poder Legislativo e sem Judiciário. Um governo autoritário que defenda os interesses de uma família e dos amigos do Chefe. Algo parecido com a República Bolivariana instalada por Hugo Chaves na Venezuela e hoje chefiada pelo autoritário Nicolás Maduro.
Mergulhado em discussões radicais o presidente Capitão-Mito precisa entender que a economia do Brasil está em decadência e depois do Coronavírus passar haverá mais de 30 milhões de desempregados e mais de 80 milhões de brasileiros desnorteados. Para reativar a produção econômica os agentes não poderão continuar a recolher mais de 35% do PIB em impostos. Por isto vai ser preciso cuidar, desde agora, de duas reformas essenciais: Tributária e Administrativa. Com conflitos diários e uma sociedade dividida entre esquerda e direita, comunistas e direitistas, não será possível governar para todos. Ou o plano é convencer a sociedade de que só haverá reformas num eventual segundo mandato do Mito após 2022? Isto seria projeto político esquizofrênico. E a oposição? Não há oposição organizada no Congresso. Pelo menos 70% da população do Brasil segue hoje à deriva sem ver uma luz no túnel.

*Jornalista