Ivan Santos*

O presidente Bolsonaro e alguns dos seus aliados apontaram na semana passada para uma ruptura institucional no País. No domingo passado o chefe do governo participou de uma manifestação com apoiadores que defenderam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.
No Brasil, algumas pessoas, neste momento, com pouco ou nenhum conhecimento da História, se reúnem para pedir o fechamento do Supremo Tribunal Federal e do Congresso para entregar o poder absoluto ao Capitão Mito que numa eventual ditadura passaria a governar o Brasil com a própria família e com os amigos.
Ontem, em São Paulo, na frente do Museu de Arte Moderna, o Masp, um grupo de pessoas pediu a saída do Capitão da chefia do Governo em nome da “democracia”. Outro grupo, a poucos metros de distância, defendeu o Governo e pediu o afastamento do governador João Dória. Isto não é democracia. É preciso respeitar a eleição dos eleitos. Na realidade não há governo federal, 15 meses depois que o líder liberal assumiu a presidência da República. Diante de uma enorme crise sanitária produzida pelo Covid 19, o presidente ficou sem dois ministros da Saúde e se posiciona contra as ações recomendadas por sanitaristas de renome internacional e pela Organização Nacional de Saúde. Como política de saúde para enfrentar a pandemia, o presidente defende publicamente um programa prioritário: liberar o uso da substância química cloroquina que as autoridades médicas dizem ser uma droga ainda não comprovada para combater Coronavírus.
A situação social e econômica do Brasil hoje é dramática com uma baita crise sanitária causada pelo Coronavírus, uma economia em processo de recessão com desemprego crescente e um governo destrambelhado sem programa e sem diretriz. O Congresso recém aprovou uma Lei Complementar que proíbe reajuste dos salários do funcionalismo público por 18 meses. O presidente da República adiou propositadamente a sanção dessa lei para dar aumento aos policiais militares e civis do Distrito Federal, justamente uma elite bem remunerada na segurança pública. Hoje, há quem recomende o impedimento (impeachment) do mandato do Presidente. Esta não é solução democrática. Precisamos respeitar a vontade majoritária dos eleitores que escolheram Bolsonaro para comandar o Brasil. Se os eleitores erraram terão a oportunidade de corrigir o erro em 2022. Na democracia é preciso respeitar a vontade da maioria. Também o presidente eleito num país democrático precisa respeitar a Constituição e a autonomia dos outros poderes. Como está, com confrontos diários, não é possível governar para enfrentar problemas sociais e econômicos que aumentarão depois da passagem da pandemia. Chega de papo furado. O presidente precisa começar a governar.

*Jornalista