Gustavo Hoffay*

Boa parte da grande imprensa brasileira multiplica as suas noticias a respeito de um caos na política e que só ela consegue enxergar, de modo especial em relação ao nosso presidente e aos seus filhos, a quem chega tratar por “clã”. Amo profundamente a natureza, a cultura e tenho um grande respeito por tudo que refere-se aos meus irmãos brasileiros e pelos próprios, mas chamo a atenção para alguns traços negativos e rabiscados pela arrogante e desavergonhada oposição de alguns deles ao chefe do poder executivo nacional e que, ainda, insistem em estender um mar de desgraças e amarguras que diz ser responsável por solapar os fundamentos de uma vida saudável para todos nós…tupiniquins. Qualquer cidadão desperto e racional entende que recentemente o Brasil herdou um numero elevado de cidadãos infelizes, acabrunhados pela sorte, anciãos solitários, drogados e assaltantes em nossas ruas e dezenas de milhares de pessoas que fracassaram na vida ou que não têm trabalho ou sequer uma formação cultural satisfatória, nem mesmo uma casa ao menos habitável; doentes crônicos que parecem estar abandonados em corredores de hospitais públicos diversos, milhares e milhares de pessoas detidas e outros milhares de penitentes em presídios por todos o Brasil que, infelizes, não tiveram como oferecer alguma “apropriada propina” a pessoas influentes e que pudessem providenciar a sua soltura. Mas são muitos aqueles que, desse e de governos anteriores, dizem o quanto esse país é justo para todos, progressista, um paraíso que garante elevadas oportunidades de trabalho e conseqüente progresso para quem assim desejar. E para que a grande maioria da população possa, de fato, acreditar em tudo isso, apesar de constantes decepções já sofridas, a mesma é privada de qualquer possibilidade de confronto com as origens e causas de discursos tão patetas e obtusos. Já tive a grata oportunidade de viajar por quase todas as regiões do nosso imenso país e observei nessa minhas andanças o quanto os serviços médicos oferecidos à maioria da população são de baixíssima qualidade. O paciente tem, por vezes, que perder um dia de trabalho para ser admitido a uma consulta médica em algum posto de saúde pública e a qual não dura sequer cinco ou dez minutos. Temos assistido reportagens pela televisão que demonstram o descalabro a que chegaram alguns hospitais públicos e a falta de remédios para pessoas de baixa renda. Assistimos governos municipais oferecendo casas populares de péssima qualidade, construídas em locais distantes e com sofrida infra-estrutura, enquanto testemunhamos a instalação de luxuosos condomínios e que mais parecem verdadeiras fortalezas protegidas contra o “ataque” de pessoas indesejáveis, a grande maioria fruto da própria ignorância de quem as repudia com veemência e ojeriza. Em muitos setores da nossa sociedade observa-se o sentimento de irritação diante das mordomias custeadas pelo dinheiro público e em beneficio de membros de algum dos três poderes; um absurdo elitista! Mas a culpa por tudo isso é também nossa, péssimos eleitores em uma democracia de araque. Por ocasião das eleições o cidadão brasileiro deposita ou digita nas urnas o voto que irá beneficiar aquele “amigo” ou parente, ao contrário de pensar em sentido coletivo. A maioria dos eleitores brasileiros parece domesticada e muitos deixam-se dobrar ante qualquer candidato que ofereça um mínimo daquilo possa satisfazer-lhes de imediato. São pessoas que contentam-se com sua visão bitolada de vida, iludem-se facilmente ante qualquer promessa e nunca reconhecem-se manipuladas e esteio de políticos pouco ou nada escrupolosos.Evidentemente existem os bons e confiáveis políticos, realistas e práticos, mas ainda são muitos os que são levados a cometer erros por receio de ficarem aquém das expectativas de alguns dos seus poderosos e influentes protegidos e protetores. Em ultima instância, política não é e nunca foi para amadores e curiosos. E como disse Ronald Reagan, “Eu achava que a política era a segunda profissão mais antiga do mundo. Hoje vejo que ela se parece muito com a primeira”.

*Gustavo Hoffay – Agente Social – Uberlândia-MG