Ivan Santos*

Como o presidente Jair Bolsonaro, legitimamente eleito para governar o Brasil ainda não assumiu de fato o poder, a Câmara dos Deputados, aos poucos, vai ocupando os espaços do Executivo. Começou por aprovar um Orçamento Impositivo que obriga o Poder Executivo a trabalhar com limitações de recursos. Assim, os deputados ocupam o vácuo de poder deixado pela Presidência e se preparam para remendar a Reforma da Previdência apresentada pessoalmente pelo presidente da República.
Hoje o jornal “Folha de São Paulo” informou que líderes de cinco Partidos governistas, baseados em uma eventual informação do ministro-chefe da Casa Civil, confirmaram que o Governo ofereceu “R$ 40 milhões em Emendas Parlamentares até 2022 para os deputados que votarem a favor da reforma da Previdência no plenário da Câmara”. Se esta informação for verdadeira fica cristalizada uma verdade absoluta: a “Nova Política” é igual ou tão cínica quanto a “Velha” e fica consagrada a observação do escritor italiano Tomazi di Lampedusa que, no clássico “O Leopardo”, afirmou: “É preciso mudar radicalmente todos os hábitos (do governo) para que tudo continue como era ou como sempre foi”.
Hoje, no Brasil, o Poder Executivo na Nova República, sob o comando do capitão reformado Jair Messias Bolsonaro, cuida prioritariamente de uma cruzada ideológica conservadora. O objetivo dessa nova política parece ser inaugurar um governo direitista, “do povo para o povo”, através de redes sociais na Internet. Isto seria modernidade cibernética magnífica. Assim, o governo ignora os problemas cotidianos como desemprego elevado, saúde pública capenga, educação deficiente e infraestrutura precária. Programa como o ‘Minha Casa, Minha Vida” é coisa de comunista”. E o presidente, ainda com popularidade, não tem projeto para mudar os hábitos maléficos da velha política. Se perder popularidade no arraial nacional poderá conhecer um ri-fi-fi destruidor. Se a popularidade do chefe cair muito, ele poderá ficar num beco sem saída como a Geni. Assim, qualquer um poderá jogar “aquilo” na Geni. E jogar com força.

*jornalista