Antônio Pereira da Silva*

Seu Lourival Moraes nasceu em 1925, no Marimbondo. Da família dos Kazeca. Olha o que ele me contou sobre o Tubal Vilela:
“Quando eu vim do Marimbondo pra cidade, o Tubal começou com a Imobiliária. Ele tinha uma casa chamada Tem Tudo, Compra Tudo, Vende Tudo. Precisava de empregado. Fiz o teste, passei, fiquei com ele muito tempo. Ficava na avenida Afonso Pena. Os primeiros loteamentos dele foram feitos na Vila Brasil. Só que naquela época chamava Vila Aparecida. Primeiro era a Vila Operária, que Iniciava ali onde é a praça Sérgio Pacheco, depois a Vila Aparecida e depois a Vila Brasil que ia até lá em cima, perto da rodovia. Eu era vendedor e comprador da Tem Tudo. Se você me levasse uma panela velha, eu comprava. A Imobiliária começou ali pelas imediações do Cristo Rei. Por ali, até lá em cima, era tudo da Imobiliária. Eram lotes de 12×30 e 10×30. Naquele tempo, não era lote, era data. O primeiro posto de gasolina foi dele. Ali onde é o edifício Tubal Viela. Daí poucos meses, surgiu outro posto, do Adelino Ferreira, ali onde é o Hotel Presidente. A primeira indústria dele foi a fábrica de fósforos Indu. Era a Fábrica de Fósforos de Uberlândia. Depois ele partiu para outra coisa, a fábrica de banha.
Ele era muito amigo do JK, aliás, o Juscelino é que elegeu ele deputado. Vinha muito aqui. Eram íntimos. O Tubal implantou um bom serviço de água. O melhor até aquela data. Foi um progresso fabuloso. Depois veio o Renato e trouxe a Sucupira. Teve água à vontade. O Tubal fez muita propaganda da obra. Depois foi lá e abriu as torneiras e jorrou água, sem exagero, uns dez metros pra cima.
Não sei se foi ele quem fundou a banda, foi em 44, ele trouxe um senhor de Tupaciguara, o Barraca, pra tocar a banda.
Comprei um lote do Tubal Vilela e ganhei outro. Eu trabalhava com ele e ele falou assim pra mim: olha, eu estou fazendo um loteamento ali, assim, assim. Você vai me comprar um terreno. Falei, não posso, não dou conta. O que eu ganho aqui é pra ajudar meu pai. E ele: Não, você vai comprar, são dez mil réis por mês. Insisti: mas eu não posso comprar. E ele: o mês que você não der conta eu te empresto o dinheiro, mas não misture as coisas, não. Eu, Tubal Vilela, te empresto, a Imobiliária, não. Ela não empresta nada pra ninguém. Comprei. Acabei comprando quatro terrenos, dois meses não consegui pagar, ele me emprestou.
O povo dizia que a Tubalina não ia pra frente, aquilo era só pra vender terrenos. Tinha um senhor que pouco se fala nele, o Silvio Rugani, que disse: eu acredito na Tubalina, comprou terrenos lá e fez boas construções. O nome da Tubalina foi dado num concurso de rádio.
Ele dava telhas, tijolos pra ajudar na construção. Quanto mais casas fossem construídas, mais terrenos ele vendia.
O armazém dele, o Tem Tudo, ficava na avenida Afonso Pena. Me lembro ainda de que, certa vez, apareceu lá um senhor com dez galinhas, queria dar de entrada na compra de um terreno. O Tubal Aceitou (Fonte: Lourival Moraes).

*Jornalista e escritor