Diógenes Pereira da Silva – Tenente Quadro de Oficias da Reserva da PMMG.
A polarização política brasileira tem, há anos, concentrado o debate público em torno de dois polos: esquerda e direita. No entanto, reduzir a crise nacional a esse embate ideológico é ignorar o verdadeiro problema que corrói o país: um sistema político falido, marcado por irresponsabilidade e interesses particulares que se sobrepõem ao bem comum.
De um lado, o Presidente Lula, símbolo da esquerda, carrega um histórico de escândalos de corrupção. As delações premiadas, as provas apresentadas e as devoluções milionárias de recursos desviados das estatais revelam a dimensão de um esquema sistêmico de corrupção que, por anos, drenou dinheiro público.
De outro, Jair Bolsonaro, representante da extrema direita, deixou sua marca pelo negacionismo durante a pandemia da Covid-19. Ao minimizar o sofrimento de milhões de famílias, tratar com desdém as mortes e incentivar manifestações que resultaram em danos ao patrimônio público, crimes e comprometeu não apenas sua imagem, mas também a estabilidade institucional.
Diante desse cenário, não há espaço para comemoração. O Brasil vive a contradição de ter o atual presidente condenado e preso num passado recente e outro preso, um retrato lamentável da degradação política. A disputa entre esquerda e direita, nesse contexto, torna-se secundária frente à constatação de que o sistema político opera, em grande parte, em benefício próprio.
Instituições e partidos, em vez de se voltarem para as necessidades da sociedade, muitas vezes se envolvem em negociações espúrias que privilegiam vantagens internas e acordos de poder. O resultado é um ciclo vicioso de descrença, frustração e afastamento da população em relação à política.
O desafio, portanto, vai além de escolher entre esquerda ou direita. O que o Brasil precisa é de uma reforma profunda em sua cultura política, que priorize a ética, a responsabilidade e, sobretudo, o interesse coletivo. Sem isso, continuaremos presos a um jogo de poder em que o povo é sempre o maior perdedor.