Gustavo Hoffay – Agente Social – Uberlândia – MG
Cada vez mais impressionante o quanto avança o fenômeno da religiosidade e não apenas no Brasil mas, também, entre a grande maioria dos povos de todo o planeta e desde priscas eras, o que demonstra não ser alguma religião um mero sentimento passageiro da humanidade. E não poucas correntes religiosas apresentam uma considerável quantidade de ritos e crenças que não são resultados de ficções, mas revelam a realidade nativa do homem e algumas, até, com o passar do tempo, mostram de maneira explícita a sua sanha em obter lucros monetários e materiais a partir da exploração da fé dos seus seguidores ou seja: nada de sacralidade mas abuso em termos de afronta à dignidade do próximo conforme, inclusive, já foi noticiado varias vezes pela própria imprensa. Francamente….o ser humano mostra-se sempre mais carente de muito que possa dar-lhe alguma segurança e/ou esperança- principalmente em meio a classes sociais menos favorecidas – o que faz com que se volte para o Céu e acredite em um grande poder advindo de um mundo invisível, magnânimo, superior. Mas é interessante observar que quando finalmente satisfeita em suas vontades e carências diversas, aquela pessoa abre mão da sua crença religiosa, dispensa-a como a algo descartável e reutilizável apenas quando novamente torna a sentir-se carente de algo, como se Deus e a sua religião fossem qual ferramentas encontradas em alguma prateleira para socorro imediato e posteriormente dispensadas. Muito infelizmente o que faz não poucas pessoas recorrerem a algumas religiões não é a fé mas, sim, a sua necessidade material, a injusta distribuição de bens e o que termina induzindo-as a usarem igrejas, templos, padres e pastores na forma de indutores a realizações impossíveis ou tais a anestésicos para que possam suportar o peso das suas carências e necessidades urgentes. Se religiões fossem apenas um “algo” entorpecente, um narcotizante de sofrimentos originados de rupturas de um equilíbrio psicossocial, então veríamos o Estado e o poder econômico ao seu lado durante vinte e quatro horas ao dia, enquanto erguendo igrejas e templos por todas as suas regiões e tratando-as como as suas mais fiéis aliadas. Então Mahatma Gandhi, Martin Luther King e Madre Tereza de Calcutá – por exemplo – seriam tratados também como a comparsas de governos diversos. Sou da opinião de que a religião não pode e nem deve ser cultivada como a um curativo, do qual lança-se mão unicamente para socorros urgentes; há que se levar em conta o rigor do raciocínio e do bom senso para fundamentar atitudes e práticas religiosas pois, quando bem conduzida, a inteligência atinge a Deus e solidamente justifica a fé e as observâncias religiosas. Enfim, os valores religiosos quando glorificados e nunca explorados dão sentido à vida e auxiliam o homem a desempenhar dignamente a sua missão na Terra. Religiões não devem (apenas) servir de meio para obtenção de socorro instantâneo e em troca de algumas promessas, quanto mais por quem sequer um dia freqüentou algum culto promovido por alguma igreja (agnósticos e correlatos). Se cada um de todos os fiéis de alguma corrente religiosa colocasse em prática o que professa a igreja de sua preferência, o mundo seria bem outro e desde que, obviamente, não fossem aplicadas algumas particularidades arcaicas e absolutamente repugnantes nos dias atuais. Quem se passa por pastor, sobe ao púlpito e faz uso abusivo de meios eletrônicos e de promessas impossíveis de serem cumpridas, usa de sofismos insistentemente decorados e por isso distorce as palavras de Deus ou anuncia entusiasticamente extraordinários benefícios temporais, ilude centenas de milhares de pessoas e principalmente os mais humildes dos seus fiéis e colaboradores. Ora, o verdadeiro cristão, penso, reflete em um absoluto silencio que identifica-se com a atenção ao outro e não apenas ao que esse diz, mas ao que é em relação a ele; é saber usar de um silêncio que assegure alguma sadia sintonia com a vibração do coração do próximo. Ser cristão não é apenas crer em Jesus Cristo, mas ser alguém que vive ao menos próximo da maneira que Jesus viveu, servindo, amando e catequizando. E sob esse aspecto, chega a ser cômico tomar conhecimento de que o cristão Donald Trump exigiu da bispa de Washington, Mariann Edgar Budded, que a mesma peça-lhe desculpas (!) por ela ter solicitado-lhe misericórdia para os imigrantes em condições ilegais nos Estados Unidos e a quem aquele todo poderoso vem tratando como a animais selvagens. E isso é só o começo da “Era Trump”……, a quem não poucos cidadãos de todo o mundo negam a sua autoridade e por ele e para ele não dobram os seus joelhos, aliás nem aqui e nem na China…