Antônio Pereira – Jornalista e escritor – Uberândia – MG
Renato nasceu em Uberlândia, no dia 21 de maio de 1927, filho de Elpídio Aristides de Freitas e Clarinda de Freitas. Fez seus primeiros estudos com o conhecido professor José Ignácio de Souza, no Colégio Estadual de Uberlândia, e no Colégio Andrews, do Rio de Janeiro.
Formou-se engenheiro civil em 1949 pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro e bacharelou-se em Direito em 1965 pela Faculdade de Direito de Uberlândia, que ficava na rua Duque de Caxias. Foi da primeira turma.
Em 1956, casou-se com Suzi Rezende de Freitas, filha de Osvaldo Rezende e Diva Guimarães Rezende.
Embora com dois cursos superiores, a atividade em que se projetou socialmente foi a política. Com apenas 23 anos de idade foi eleito vereador à Câmara Municipal de Uberlândia para o período de 1951/55 sendo reeleito para a gestão seguinte de 1956/60. Candidatou-se a Prefeito Municipal, mas foi derrotado por Raul Pereira de Rezende que, por fatalidade, teve que lhe passar a direção do Município para a gestão seguinte quando ele venceu o udenista Francisco Paula Santos (Chico do Rivalino). Virgílio Galassi era o candidato a vice na chapa do Chico.
Eleito em 1966, assumiu em 67, com seu Vice, Arnaldo Godoy de Souza, e foi beneficiado pela mudança do Sistema Tributário Nacional que concedeu aos Municípios uma fatia do Imposto sobre Circulação de Mercadorias que o Estado arrecadasse em seu território.
Renato fez uma administração revolucionária que o transformou num dos melhores Prefeitos que o Município já teve.
De início, modificou o sistema administrativo, criando Secretarias Municipais. Só admitiu funcionários por concurso, contratou cursos com entidades especializadas para as chefias e para o funcionalismo em geral. As primeiras Secretarias foram: Ação Social, Administração, Fazenda, Obras e Patrimônio.
Foi o primeiro a entender que as vias públicas precisavam ser preparadas para o desenvolvimento do trânsito e mandou alargar as ruas Coronel Antônio Alves Pereira e Guaranys (hoje, Pedro Bernardes). Foi em sua gestão que, por entendimentos com a Companhia Mogiana de Estadas de Ferro, esta se transferiu para os altos da cidade desafogando as ruas centrais que morriam no seu pátio, onde está, hoje, a praça Sérgio Pacheco. Em troca, Renato prometeu dar o nome de Estado de São Paulo à nova praça que seria projetada pelo paisagista internacional Burle Marx, nomeação que a Câmara Municipal não permitiu.
Construiu o Terminal Rodoviário que recebe o nome de Presidente Castelo Branco. Uma obra monumental e objetiva. No seu tamanho original ela serviria ao Município por várias décadas e quando não mais fosse suficiente, a área reserva em sua volta é tão grande que dará para quadruplica-la. Mas não foi apenas um espaço confortável, protetor, amplo, ventilado que o Prefeito ofereceu aos seus munícipes, foi também uma profunda mudança no conceito de “rodoviária” que existia na região. Antes dele rodoviária era um lugar porco, desconfortável, inseguro, indigno de uma família séria aguardar condução.
Fez a captação de água da Sucupira, um objetivo que já vinha do seu antecessor, Raul Pereira de Rezende, porém, Renato dispensou o projeto anterior e o financiamento do DNOS e fez tudo como queria José Pereira Espíndola fornecendo água em abundância e tratada, tudo com recursos próprios.
Criou um sistema de saúde simples, mas que atendia a necessidade da época. Montou cinco ambulatórios nos bairros periféricos, Patrimônio, Roosevelt, Saraiva, Osvaldo e Bom Jesus, alguns com dois horários de duas horas de atendimento cada. As consultas não eram gratuitas. Custavam, no mínimo, 50 centavos, o que valorizava o atendimento. Se possível eram fornecidos os medicamentos.
Modificou o sistema de ensino. Recolheu ao serviço administrativo todos os professores das 45 escolas rurais e urbanas e admitiu novos por concurso exigindo que fossem formados. Depois, fechou as escolinhas de uma sala só para todas as séries (sistema que vinha do século XIX) e construiu escolas aglutinadoras de vastas áreas. Colocou condução gratuita para professores e alunos.
Instituiu, em convênio com o Estado, os cursos noturnos anexos ao Colégio Estadual, gratuitos e de nível semelhante ao diurno para os alunos que trabalhavam de dia. Esses cursos funcionavam nos bairros.
Colocou iluminação a frio em toda a cidade.
Trocou os leitos das avenidas João Pinheiro e João Pessoa para que suportassem o asfaltamento e o crescimento do trânsito. Terminou o asfaltamento da avenida Floriano Peixoto até o trevo da rodovia.
Instituiu o concurso público para o preenchimento de vagas. Ninguém foi admitido no seu governo sem concurso.
Adquiriu o prédio do Banco do Brasil, na esquina da praça Clarimundo Carneiro com a rua Bernardo Guimarães, criou a Fundação Uberlandense de Ensino Médio, FUEM, para a distribuição de bolsas de estudo aos alunos pobres, ampliou a biblioteca, acrescentando, só no primeiro ano, mais de mil volumes, criou uma restauração de livros, fez campanha de vacinação contra varíola e outras moléstias, na zona rural e nas escolas municipais urbanas. Fez o primeiro cadastramento torácico dos escolares municipais.
Construiu, com verba da Prefeitura, várias obras para o Estado, entre elas o Instituto de Educação na praça Tubal Vilela, o Grupo Escolar Joaquim Saraiva, a Delegacia e a Cadeia Pública no bairro Umuarama. Conseguiu que empresas particulares ou pessoas físicas, construíssem escolas para o Estado, como o Escola Tita, o grupo escolar Messias Pedreiro, o grupo escolar Joana Rosa Naves e possivelmente outros.
Foi, ainda, presidente do Uberlândia Esporte Clube, ocasião em que construiu o grande estádio Juca Ribeiro, hoje desativado. Foi também presidente do Uberlândia Clube, Deputado Estadual e Presidente da Caixa Econômica do Estado.
Durante o seu mandato, fundou-se a CCO, o Cajubá Country Club, a ICASU, a Comercial Dom Bosco, a Autarquia Educacional de Uberlândia, instalou-se a Embratel, foi criado o Hino da Cidade, realizou-se a primeira FENIUB e instalou-se a CDL e a Faculdade de Odontologia.
Faleceu de câncer em 1998.