Ivan Santos – Jornalista
O governo do Brasil não tem dinheiro para melhorar a infraestrutura, custear como devia os serviços de saúde, a educação, ações de segurança ou oferecer três refeições diárias a todos os pobres do País. Não adianta pressionar o governo porque os governantes não podem obrar milagres. Essa dura realidade foi revelada pelo Banco Central num relatório que divulgou informações sobre as contas públicas do País no primeiro trimestre deste ano. O governo contabilizou nesse período, uma soma fantástica que deixou saldo positivo de R$ 27,7 bilhões ou 35% a mais do que arrecadou no mesmo período do ano passado. Os técnicos em contas públicas denominam esse tipo de saldo de “superávit primário” ou resultado positivo da diferença entre as receitas e despesas do País, exceto o que o governo pagou de juros no conjunto formado pela União, Estados e Municípios mais o movimento das empresas estatais. Para produzir esse resultado foi grande o esforço dos cidadãos do país que contribuíram com a mais pesada carga tributária da história do Brasil: 36% do PIB (Produto Interno Bruto) anual. Mas todo esse esforço não foi suficiente para pagar os juros da dívida pública de mais de R$ 3 trilhões.
Após o governo contabilizar as receitas e as obrigações a pagar, o rombo nas contas públicas ou déficit nominal foi de CR$ 500 bilhões. Estas informações estão no site do Banco Central e foram divulgadas nos principais jornais nacionais.
Para realizar esse número, os brasileiros realizaram esforço maiúsculo, as estradas permanecem esburacadas, a violência cresceu em todo o País, aumentaram o desemprego, o achatamento salarial e o trabalho informal. O medo continua a ocupar o lugar da esperança. Houve protestos no Dia Primeiro de Maio, mas o Presidente preferiu o proselitismo político. Assim está o Brasil em 2005.