Esse adjetivo, quando usado de maneira absolutamente imprópria, acredito cristalizar o espanto da maioria das pessoas de bem, constrangidas que ficam ao verificar a debilidade da pressuposição que considerável parcela da imprensa faz do mesmo; algo que vem sendo usualmente imposto à sociedade por meio de reportagens divulgadas em jornais e emissoras de televisão, para qualificar agentes que praticam ações criminosas e, claro, amplamente desfavoráveis a uma vida sadia e harmoniosa em comunidade. É certo que a maioria das pessoas civilizadas e inteligentes não admitem o uso da palavra “suspeito”, quando a mesma é empregada para referir-se a alguém que é pego, testemunhado ou filmado no ato do cometimento de uma prática criminosa, em flagrante de delito. Qualquer um de nós, cidadãos, tem a responsabilidade de fazer ativar a própria consciência crítica enquanto parte da sociedade, mas esse juízo torna-se quase abstrato quando aceita passivamente ser intrujado, ludibriado de uma maneira constante, ao ponto de relativizar a maneira como é usado por alguns meios de comunicação social. Entendo que a libertação de alguns conceitos emitidos por aquelas vias, tornaria o cidadão mais otimista em relação à sua própria vida e ao meio onde se encontra, desprenderia –o de vínculos que o mantêm preso à práticas diárias de vícios de linguagem e permitiria que ele expandisse um pouco mais de cultura a partir do emprego correto da sua língua pátria, símbolo de identidade da nossa nação; mas vem ocorrendo exageros, desvios! Francamente…Tratar alguém que é pego em flagrante de delito por suspeito, entendo como a algo leviano, um verdadeiro acinte à honra da vítima, além de contribuir para uma interpretação cabalmente errônea do comportamento de um agressor, a partir do entendimento da grande maioria das pessoas, um ultraje à inteligência de terceiros. É óbvio que por “suspeito” seja tratado um cidadão sob investigação ou em julgamento quanto a autoria de algum ato ilícito, mas a pujança de meios comprobatórios que determinam a sua participação na prática do mesmo, deveria eliminar a prática dessa evidente contradição e sob o risco de – em breve – tratarmos Fernandinho Beira-Mar como a um mero suspeito de ter cometido os crimes pelos quais foi condenado; algo, digamos, hipotético, presumido…..! Um repórter querer preservar a presunção de inocência de alguém ao usar a palavra “suspeito” é algo digno de louvor e enquanto o tal criminoso não é julgado, mas quando diante de circunstâncias óbvias e de provas absolutamente irrefutáveis, permito-me imaginar que aquele profissional esteja sendo demasiadamente zeloso e talvez por receio de tornar-se objeto de futuros processos judiciais. É complicado para a sociedade entender o porquê de uma determinada presunção, quando diante de uma escancarada obviedade. A continuar usando-se de maneira indevida a palavra “suspeito”, em breve todos nós seremos suspeitos de algo perante toda uma comunidade e muito embora nunca tenhamos cometido qualquer ato que levante suspeita sobre alguma coisa devida ou indevidamente realizada.

Gustavo Hoffay
Agente Social
Uberlândia-MG