Autor: Rafael Moia Filho*

É muito difícil você vencer a injustiça secular,
que dilacera o Brasil em dois países distintos:
o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.
Ariano Suassuna

Um dia, durante um evento ou uma daquelas Lives que poucos tem estômago para assistir, num rompante de Odorico Paraguaçu, personagem épico do autor genial Dias Gomes para a novela O Bem Amado, Bolsonaro disse que em seu governo não havia corrupção.
Não enganou ninguém que não fosse do grupo de seus bajuladores, do cercadinho e da base de apoio. O conjunto da sociedade sabe que isso é mentira, ficção científica ou novela da Globo.
Num país onde os políticos, em sua maioria, a partir do momento da posse começam a burlar leis, licitações, em busca de dinheiro para a reeleição, para a família e desviam milhões do erário. Formam verdadeiras quadrilhas organizadas que contam com a impunidade, a justiça lenta e um povo sem memória.
As estruturas do governo federal estão carcomidas pela corrupção, destruídas pelo efeito nocivo ao longo dos tempos. Difícil supor que desde a descoberta do Brasil, passando pelo jugo dos portugueses, monarquia e a instauração da República, tenhamos em algum momento honestidade e justiça punindo exemplarmente os corruptos.
De repente Bolsonaro quer ter atestado de idoneidade em seu governo. Logo ele, que impõe sigilo de cem anos para coisas triviais ligadas aos seus filhos, vacinação e outras bobagens. Logo ele que interfere desde a posse nas ações e no comando da Polícia Federal, trocando delegados que “ousam” investigar a ele e seus filhos.
Já são mais de dez delegados da Polícia Federal afastados ou exonerados em três anos de governo. Mais de 300 processos arquivados a mando de Bolsonaro pela PGR.
A lista de atos comprovados de corrupção no governo ou em processo de investigação é grande, e começou a ficar maior a partir do momento que Bolsonaro se juntou com o Centrão e entregou as chaves dos cofres de diversos órgãos do governo.
Vieram então: Escândalo no MEC (Ministro da Educação, Pastores corruptos e Prefeitos), Esquema de venda de Tratores,
Orçamento secreto, Compra de ônibus superfaturados, Caso Queiroz de rachadinha, formação de quadrilha e cheques para a 1ª dama nunca explicados, Participação da família em esquema de rachadinha, sonegação fiscal e compra de imóveis sem lastro financeiro, Caso do laranjal do PSL, Escolas Fake no Piauí, Escândalo da compra das vacinas da Covaxin, Gastos nababescos com o cartão corporativo da presidência impedindo a divulgação dos mesmos, Propina na Secom, mansão do Flávio Bolsonaro, Escândalo do Asfalto, Corrupção na Codevasf, Disseminação de disparos de Fake News via Gabinete do ódio coordenado pelo seu filho Carlos, numa sala a alguns metros do gabinete presidencial.
Corrupção é crime, não adianta bolsonaristas quererem fazer comparações com governos anteriores, sejam do PT, PSDB ou MDB. Os eleitores querem ou melhor exigem honestidade e tolerância zero com a corrupção. Um governo que impõe sigilo de 100 anos e interfere nas investigações dos processos não pode dizer que é honesto nunca.

*Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.