Marília Alves Cunha*

Perto das eleições, avizinha-se o momento em que exerceremos o nosso sagrado direito de escolher nossos representantes no poder legislativo e executivo, depositar nossos votos e aguardar esperançosos que sejam vitoriosos. Sempre digo e repito: votar, mais que um dever, é um direito. Votar é reafirmar seus valores, suas crenças, suas expectativas. É acreditar na importância deste ato para a sua vida e para a cidadania, acontecimento importante, marca registrada e com o DNA de democracia. Sem eleição, sem alternância de poder não poderíamos chamar qualquer outro sistema de democrata.

Por curiosidade, estive pesquisando sistema de votação de outros países. Não devo ter entendido bem, mas a meu ver o dos EEUU, a grande potência mundial, imitada pelo mundo inteiro em vários quesitos, me pareceu a pura baderna. Como disse, não devo ter entendido. Muito confuso…

Na Alemanha, país altamente civilizado e desenvolvido que, arrasado na 2ª. guerra mundial tornou-se rapidamente uma potência tecnológica e industrial e hoje brilha entre os países ricos do mundo, o sistema de votação é bem simples. Não são utilizadas urnas eletrônicas, pois foram consideradas, depois de muito estudo, inconstitucionais desde 2005. Para votar o eleitor assinala em uma cédula física seus votos e deposita em uma urna. O resultado das eleições costuma ser anunciado horas após o fechamento das urnas. Prá que complicar, se pode descomplicar?

França – outro país admirado no mundo inteiro, habitado por gente orgulhosa de sua pátria desenvolvida, progressista, berço de cultura. No dia da eleição o cidadão vota em cédula e deposita na urna. E esta urna, num maior apelo á transparência é feita de material transparente… A simplicidade sempre faz bem, apanágio de países desenvolvidos. Os votos são contados manualmente pela própria mesa e o resultado enviado a uma central. Sem confusão…

Poderia se dizer: França, Alemanha são países pequenos (em tamanho e população) e as coisas se tornam mais simples. Bem, vejamos então um país grande e com enorme população. India – são usadas urnas eletrônicas a partir de 1982. Mas, inteligentemente, elas são auditáveis desde 2013 e são passíveis de auditoria, caso seja necessário. O tamanho da população eleitora não é problema. A Ìndia tem 900.000.000 de eleitores ( hoje podem ser mais) e as eleições federais são as maiores do mundo.

Não estou aqui insinuando, de maneira nenhuma, que nosso processo eleitoral é falho e que gera desconfiança. Mas, como cidadã acredito que, se os votos fossem auditáveis e se houvesse a contagem pública dos votos como manda a nossa sagrada CF, muitos problemas não teriam ocorrido e marcharíamos mais tranquilos para as eleições de outubro. Os hackers são impossíveis e fazem misérias!

Insistí na pesquisa e continuo encontrando apenas Bangladesh, Butão e Brasil com urnas eletrônicas não auditáveis, sem voto impresso.

Educadora e escritora – Uberlândia – MG