Ivan Santos – Jornalista

Estamos praticamente no meio do mês de junho e tradicionalmente este tem sido o último mês de atividades no Congresso Nacional em ano de eleição. Explicamos: o mês de julho é de recesso parlamentar e a partir de agosto os parlamentares podem ficar nas bases para contatos com eleitores para eleger um terço do Senado, toda a futura Câmara Federal, governadores e deputados estaduais. Vai ser tempo de esforços concentrados no processo eleitoral. O ano legislativo, na prática, tem apenas 15 dias ativos neste ano.
O presidente Capitão Mito Bolsonaro, cujo programa principal é a própria reeleição, parece preocupado com um eventual desgaste provocado pelo aumento dos preços dos derivados de petróleo, principalmente gasolina, óleo diesel e gás de cozinha. Para evitar desgaste à candidatura à reeleição, o Mito aposta no discurso ideológico para mobilizar sua base de apoio e jogar a culpa do aumento do custo de vida e dos derivados de petróleo no ICMS cobrado pelos Estados.
O Mito propõe ao Congresso a aprovação de uma lei que obrigue os Estados a isentar gasolina, diesel e gás do ICMS. Essa proposta pode custar aos cofres do governo federal R$ 50 bilhões a R$ 80 bilhões. O governo não diz de onde sairá esse dinheiro. Acena com recursos ainda inexistentes de privatizações. Uma poesia futurista, nada mais.
Ainda ninguém sabe se o Congresso, a toque de caixa, vai aprovar a proposta eleitoreira do Mito. Uma proposta que não garante estabilidade para o preço da gasolina. Os reajustes continuarão sujeitos ao mercado internacional e à indexação dos preços dos derivados de petróleo ao dólar e à política de comercialização da OPEP – Organização dos Países Produtores de Petróleo.
O cenário que o Mito não poderá mudar em poucos dias indica inflação de dois dígitos com elevação dos preços dos alimentos, juros perto de 13% a.a. e baixos salários. Os trabalhadores de salário mínimo hoje passam fome. Em fome estão mais de 33 milhões de brasileiros. Este cenário não é favorável à reeleição do Mito. Vamos esperar para ver que bicho vai dar.