Marília Alves Cunha*

“É tão arriscado acreditar em tudo como não acreditar em nada.”
(Denis Diderot – filósofo francês)

A liberdade de expressão é um sinal importante de democracia, mesmo não constituindo todo seu arcabouço. No entanto, quando a mesma começa a perder espaço, a ser amordaçada, a sofrer ameaças, a ser considerada culpada por todos aqueles que têm insistentemente agredido a nação brasileira com inumeráveis erros e contado com a impunidade para manter-se no poder, a coisa começa a ficar preocupante. A imprensa sem peias é também uma importante via de informação, mesmo tendo seu lado obscuro e “marronzista”, como dizia o notável Odorico Paraguassú (para quem não se lembra, Odorico era um “coroné” importante, personagem ficcional cômico da novela “O bem amado” que mandava e desmandava na pequena cidade de Sucupira). Aliás, mais que uma caricatura, o Odorico é um retrato de grande parte da nossa classe política, que se lixa para a opinião pública, se lixa para um projeto sério de desenvolvimento para o país, se lixa para a dignidade do seu cargo.

O homem público, mais que qualquer outro, tem de ser honesto. A sua desonestidade gera um preço para a sociedade, não apenas no aspecto monetário, um preço muito mais alto. Este preço recai como uma bomba na cabeça do povo brasileiro. Recai sobre a sua capacidade de acreditar, de confiar, de trabalhar com ânimo, de sentir-se livre e protegido dentro de seu país, no meio de sua comunidade. Recai sobre a sua capacidade de confiar no futuro e de ter esperança em uma vida melhor para seus descendentes.

Os agentes políticos receberam dos eleitores o direito de ocupar um cargo importante e necessário à vida nacional, receberam a confiança neles depositada. Muitos têm traído esta confiança, embevecendo-se com o poder, julgando-se capazes de burlar a tudo e a todos, tentando manter-se sempre acima do bem e do mal. Chega de políticos corruptos e oportunistas. O Brasil não agüenta mais esta praga daninha…

Que a liberdade de expressão, tão fortemente presente na CF seja defendida com ardor, para o bem de todos nós. Que não nos acovardemos nesta tarefa de tirar a máscara de muitos que se escondem no segredo e no silêncio e de outros que agem livremente em desfavor do Brasil e continuam usurpando o nosso direito a uma vida segura e digna. Apenas o voto, como livre expressão da consciência e da vontade, pode operar mudanças e nos presentear com um país onde se possa viver com dignidade.

*Educadora e escritora – Uberlândia – MG