Ivan Santos – Jornalista

Política em Minas Gerais não é tarefa para amadores. É jogo pra cobras criadas, experientes e matreiras. Em política, mineiro nada de costas em lagoa cheia de jacarés e depois dá nó cego em goteira.
Nesta semana Lula veio a Minas com a intenção de edificar um palanque para a campanha eleitoral no segundo maior colégio eleitoral do País. Voltou com as mães vazias e o cérebro fervendo. Não conseguir colocar um tijolo para construir o alicerce do palanque. Por que? Simplesmente porque os mineiros que se opõem ao governador Zema, candidato à reeleição, não falam mineirês neste momento.
O objetivo do experiente Lula é construir um palanque ao lado de Alexandre Kalil, o bem avaliado ex-prefeito de Belo Horizonte, do PSD. Kali também esperar marchar com Lula, mas há duas pedras no meio do caminho que dificultam a união deles. De um lado o PSD quer lançar à reeleição ao Senado o atual senador Alexandre Silveira e o PT, do outro lado, insiste em lançar para o mesmo cargo o deputado Reginaldo Lopes. Não há acordo e a coligação PT-PSD em Minas segue emperrada.
Também há desentendimentos no outrora poderoso PSDB. O deputado Aécio Neves, que ainda é grande líder nesse partido, é desafeto do candidato a presidente da República, João Dória (PSDB) e insiste em levar os tucanos para uma terceira via. Na prática, a terceira via continua a ser uma utopia nacional. Diante de incertezas, o Tucanato Mineiro anunciou um candidato à sucessão do governador Zema: o ex-deputado federal Marcus Pestana. Mais uma jogada para embolar o jogo no meio de campo.
O governador Romeu Zema, matuto da Serra do Araxá, marcha em silêncio e finge que está morto. Foi bolsonarista, mas agora espera, com paciência, para ver o sol nascer depois de junho. Só depois de ver o tempo claro Zema poderá indicar com quem vai se unir. Contina a tradição: política em Minas: mineiro político só decide o que fazer depois do terceiro tempo de qualquer jogo.