Ivan Santos – Jornalista

Política no Brasil sempre foi e continua a ser mutante. No passado recente, um candidato, para se habilitar a disputar o cargo majoritário nacional (presidente da República) precisava costurar acordos com vários partidos e formar bases nos Estados com candidatos a governador, deputado federal, deputado estadual e senador. Sem bases sólidas nos estados era impossível ter bom desempenho na votação para presidente.
O cenário eleitoral nacional mudou da última eleição majoritária nacional pra cá. O presidente Capitão Mito Bolsonaro não tinha um partido expressivo (PSL) nem bases estaduais ou municipais em 2018. Elegeu-se com apoio de uma base nova: a Internet, pela qual a Campanha do candidato que se apresentou como um liberal conservador da direita, mobilizou uma base silenciosa interessada em armas e em moralismo à moda antiga. O Capitão não tinha como não tem até hoje um plano de governo definido. Beneficiado por uma estupida agressão que lhe moveu um doido armado com uma faca, o Capitão não precisou comparecer a debates, não discutiu um programa com ninguém e, hospitalizado, se elegeu no segundo turno.
O cenário parece que não mudou. A massa eleitoral, a 10 meses da eleição, enfrenta inflação elevada, juros altos, desemprego, trabalho informal que só permite baixa renda, pandemia de covid 19 com variantes e gripes. Como essa massa eleitoral vai decidir em outubro vindouro não é possível antever hoje.
O presidente Mito, político escolado em disputas eleitorais, tem informações privilegiadas sobre o colégio eleitoral. Se ele não recuperar a popularidade até abril, ninguém se surpreenda se o Capitão deixar o governo para ser candidato a senador por qualquer estado ou a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Difícil será o Mito aceitar permanecer quatro anos sem mandato. Podem esperar por um desfecho surpreendente porque mito é mito