Antônio Pereira*

Os filhos do maestro Barraca contam que o prefeito que menos apoiou a Banda Municipal foi o Raul Pereira de Rezende. A gente não conclui se foi apenas desinteresse ou um revide por não ter conseguido mudar o maestro.
Essa coisa, eles me contaram na sauna do Praia Clube, no dia 26 de agosto de 1993.
O Raul era da UDN, o Barraca era do PSD. O prefeito Tubal Vilela, criador da Banda, era também do PSD. Foi o Tubal que buscou o Barraca em Tupaciguara para dirigir a Banda e a Escola de Música Municipal.
Raul resolveu dispensar o Barraca da regência, mantendo-o na Banda, e nomear um músico uberabense (cujo nome não consegui) para dirigi-la. Para o Barraca mandou apenas um bilhetinho, determinando que passasse a batuta para o seu indicado.
O Barraca chiou grosso:
– Fui nomeado por Decreto, só saio por outro Decreto. Bilhetinho é que não vai me demitir.
Sabendo que o “fulano de tal”, O novo maestro, ia para a Banda, Vítor Melazzo, foi até lá. Viu coisas estranhas. O Barraca dizendo que só tocaria sob a batuta de quem soubesse mais música do que ele. Percebendo que “fulano de tal” estava ali para substituir o Barraca, o Melazzo se interpôs:
– Pensei que você vinha ajudar o Barraca. Você vem para apunhala-lo!
Os músicos, revoltados, foram deixando a sede da Banda, um a um. No fim, vendo a sala vazia, “fulano” reclamou:
– Eu vim pra dirigir uma Banda, mas como é que eu vou dirigir uma Banda que não tem ninguém.
Também foi deixando a batuta e voltando pra Uberaba.
Raul deixou a coisa como estava: nem entrou um, nem saiu o outro. (Fontes: filhos do Barraca e Guido Bilharinho).