Gustavo Hoffay*

Mais uma vez e da forma como ocorreu em 2.018- durante a campanha dos candidatos a presidente da república, a corrupção deverá ser o mote nas eleições do próximo ano, dará um ar de santidade a cada um dos candidatos e mostras de que, em breve, a polarização das candidaturas Lula e Bolsonaro abrirá espaço para uma terceira e influente via e o que aliás, particularmente, comparo como a um tônico que servirá para alavancar a assertividade e a credibilidade de que navegamos por uma real democracia, embora em meio a ondas de instabilidade temporária. Com o seu garboso rótulo de “defensor da moralidade dos serviços públicos” – nele carimbado pela grande maioria dos brasileiros durante e após a sua vitoriosa participação no processo que culminou na condenação do ex-presidente Lula, Moro deverá reencarnar em sua campanha rumo ao trono do Palácio do Planalto e as mordomias do Palácio da Alvorada a imagem de bom menino e defensor dos fracos e oprimidos, diante da constante ameaça de políticos inescrupulosos em mais uma vez intrometerem-se nas eleições, burlarem a confiança de uma considerável parcela de eleitores e principalmente em assuntos relativos às áreas da saúde e da segurança; aliás dois assuntos que já tornaram-se uma constante em todas as campanhas políticas e por motivos óbvios. Moro sim, um herói de capa e espada, um personagem que se tornou ícone na luta contra poderosos políticos e empresários que fizeram do Brasil o grande palco de suas peripécias, enquanto objetivando afanarem a maior quantia possível dos cofres públicos, fazendo maldades e truques ao ponto de causarem inveja ao personagem Coringa da série Batman ou seja: usando da racionalidade para fazerem da anarquia um modo vida. Anarquia, aliás, nome de um outro personagem vilão e inimigo de Batmam no universo das histórias em quadrinhos e que giram em torno de temas políticos. Tornando à nossa realidade, é fato que aquele ex-ministro da Justiça – dono de uma biografia impoluta, caminha a passos firmes no planejamento da sua campanha presidencial, enquanto ouve economistas que apóiam um plano econômico liberal e mostra-se simpático àqueles que são contra a polarização da disputa presidencial, além de não concordar com o poder que é conferido a Paulo Guedes, o super e intocável ministro da Economia e já comparado (guardadas as devidas proporções) ao ex-ministro-linha dura Golbery do Couto e Silva – O Bruxo , chefe da Casa Civil dos presidentes Geisel e Figueiredo. Simpáticos à candidatura de Moro ao Planalto, também estão alguns influentes militares e entre eles os generais Santos Cruz – ex-ministro da Secretaria de Governo de Bolsonaro e Rego Barros – ex- porta voz da presidência e principalmente por aquele ex-juiz defender valores que são muito caros aos militares ( como soberania e nacionalismo), além de Maynard Rosa e Paulo Chagas – dois figurões que tinham grande apoio e simpatia do nosso atual presidente. Já saturado de ver,ouvir e sentir o que é a política abaixo da Linha do Equador, não seria nenhum exagero se eu dissesse que posso viver mais cem anos e reencarnar uma dezena de vezes até que um dia, finalmente, sinta-me realmente capaz de desvendar ao menos um 0,1% daquilo que é a verdadeira essência da política partidária tupiniquim e alguns dos seus ignóbeis e folclóricos personagens; como se conectam os laços entre políticos e politiqueiros dentro da caixinha de interesses de ambos, a capacidade responsiva de cada um deles diante de questões que envolvem problemáticas diversas que lhe são apresentadas pelo povo e, ainda, o que pensam sobre o papel dos seus respectivos partidos nas relações de intermediação de problemas e soluções a nível dos seus eleitores. Se Sérgio Moro (ainda) não deixou-se contaminar pela má política e por alguns dos seus mesquinhos agentes, arrisco-me a prever que ele seria um candidato presumivelmente apto a ocupar o cargo de presidente da república, sem os vícios e ranços comuns à quase totalidade daqueles que representam-nos em câmaras e assembléias diversas por todos os rincões tupiniquins. Desde já , portanto a pouco menos de um ano das eleições que irão definir quem será o nosso próximo presidente, sugiro humildemente que ninguém se espante ou perca tempo em discutir com quem se acha “doutor” em política, justo em um país onde todos imaginam saber muito daquilo que é inolvidável naquela área; criem, sim, oportunidades de questionar suas crenças e ampliar seus conhecimentos, buscando um conjunto equilibrado de informações a respeito dos candidatos. Aproveitemos desde agora o tempo que há pela frente e estudemos, atenciosamente e baseados em nossos próprios pontos-de-vista, a conduta de cada um deles enquanto trilham o longo e árduo caminho rumo à presidência.

*Agente Social – Uberlândia-MG