Ivan Santos – Jornalista

Quem tem mais de 40 anos de idade no Brasil se lembra da inflação elevada que perturbou a vida de todos os brasileiros por muito tempo. A chamada hiperinflação que durou de 1980 a 1994 quando chegou a 80% ao mês depois de sete planos econômicos. Os preços das mercadorias subiam de manhã, de tarde e no começo da noite de um dia para o outro.
A inflação foi controlada em 1094 com a troca da moeda Cruzeiro Real para o Real no governo do presidente Itamar Franco. Naquela ocasião o Real foi lançado com o valor de um dólar depois de uma complicada engenharia econômica e as finanças do governo, das empresas e das pessoas passou a ser ajustada a uma nova realidade monetária sem inflação.
Hoje sentimos que a inflação retorna impulsionada por reajustes frequentes dos preços dos derivados de petróleo, especialmente óleo diesel, gasolina e gás de cozinha. A política de desvalorização do Real que favorece as exportações também contribui para a elevação dos produtos da cesta básica.

A disparada de preços colocou o Brasil em terceiro lugar no ranking de inflação da América Latina, atrás da Argentina (51%) e do Haiti (17,9%), países que enfrentam, respectivamente, uma dura e persistente crise econômica e forte agitação política e social segundo o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas. O estudo não revelou dados sobre a inflação na Venezuela, país com forte instabilidade e dados distorcidos.

A previsão da inflação para 2021, segundo o Boletim Focus, é de 10,25% no ano. O governo liberal confia no mercado para regular os preços. Como o desemprego está alto e a renda do trabalho baixa, a inflação ascendente preocupa os pobres. Esta composição gera incerteza. O governo não acena com uma saída para a crise e a população de baixa renda fica numa encruzilhada esperando Godot.