Marília Alves Cunha*

Há gente afirmando que não existe harmonia neste país. Ledo engano. Pelo menos na democracia que habita os gabinetes há coisas se harmonizando, numa sequência e encaixe perfeitos: Lula livre, para candidatar-se a presidente da república em 2022, trabalho persistente e insidioso contra o voto impresso e urnas auditáveis, pesquisas formidavelmente colocando o ex-presidiário como já eleito nas próximas eleições, o abuso que está sendo cometido contra a liberdade de expressão em assuntos políticos e outros, abuso que se volta diretamente contra o povo brasileiro e contra a CF, a rainha das leis.

Nestes dias mesmo, estive apreciando o resultado de levantamento feito por uma empresa, sobre as eleições próximas. É claro que deu Lula na cabeça, em todos os contextos e todos os cenários, com números fragorosos. O mais corrupto é o melhor disparado para combater a corrupção. O que mais jogou no lixo a economia do país é o mais preparado para acelerar a economia. O que foi de uma eficiência prodigiosa para aumentar a criminalidade fica em primeiro lugar no combate ao problema. A empresa que divulgou estes dados deve estar usando uma estratégia errada na feitura da pesquisa, pois os fatos não corroboram estes dados. Nestes dias também tive o desprazer de ler o maior fake da história, em matéria assinada por um jornalista. O artista dizia que o ex-ocupante do Planalto conquistou 20 vitórias na justiça( nossa! quanto processo!) provando sua inocência. Todos nós sabemos que a história não é bem esta e que Lula continua criminoso, condenado em três instâncias. Aquele tipo de criminoso que, não conseguindo provar sua inocência, apela aos tribunais alegando erros formais que, na verdade, nem existem… mas este tipo de fakenews é “do bem” e não causa problemas com a justiça… E ainda querem que a gente acredite e apoie a mídia independente e progressista…

Para o “Lula livre” acho que foi um tiro no pé. As coisas não estão dando muito certo, porque não houve a estupenda reação esperada. As massas não reagiram estrondosamente ao ocorrido e o ex-presidiário não ressurgiu como a “Fênix da Garanhuns” (adorei esta expressão achada no facebook).O candidato do PT está desmoralizado, como não poderia deixar de estar, depois dos feitos criminosos da sua gestão na presidência. Sua fala é antiquada, inócua, vitimista e mentirosa. Falta povo em sua campanha de reabilitação frente á opinião pública. E não existe plano “B” para o partido em 2022, pois os nomes conhecidos estão jogados ao ostracismo, vivendo numa bolha ou desprezados pelos brasileiros, por suas condutas incorretas e antidemocráticas.

Mas, graças! Para além do arco-iris ainda temos uma democracia, meio cambaleante, meio machucadinha, mas que vai se aguentando. Ainda posso, por exemplo, escrever este texto, coisa intolerável num regime totalitário; ainda posso escolher os candidatos da minha preferência e ainda exigir e acreditar, como cidadã, que haja lisura nas eleições; posso gostar mais do verde-amarelo do que do vermelho; posso ir e vir quando quiser, do jeito que me aprouver ( não tem mais desculpa de pandemia para prender as pessoas em casa); ainda posso manifestar pelas ruas minha indignação e minha vontade; posso considerar a família como base e sustentáculo da sociedade; ainda posso não me animar com o politicamente correto; ainda posso discutir ( em termos) política, religião, ir a uma igreja e orar pelo Brasil, este país grandioso, tão sujeito a chuvas e trovoadas; posso ainda acreditar que a liberdade é um bem inarredável e necessário, sem a qual a democracia não se sustenta. Mas é preciso estar sempre vigilante. O preço da liberdade é a eterna vigilância. Alguém escreveu isto antes de mim, mas eu repito e apoio inteiramente.

*Educadora e escritora – Uberlândia – MG