Marilia Alves Cunha*
Primeiro o meu grande abraço para as “tia” do Zapp da qual também faço parte, de acordo com a minha idade e do meu gosto pela internet.
Há uns tempos atrás convencionou-se debochar dos velhos (pessoas com mais de 65 anos) com um termo bem pejorativo, que hoje serviu de título ao meu texto. Queriam se referir ( querem ainda) às mulheres naquela faixa de idade que, movidas pela sua vontade e talvez um incentivo de filhos e netos, aderiram ao aparelho celular e se apaixonaram pela tecnologia. Passaram a fotografar, mandar mensagens para as amigas e algumas se aventuraram até a pagar suas contas pela internet. Sem grandes conhecimentos de tecnologia, o simples fazia a sua alegria e facilitava seu mundo de comunicações. O fato de estarem “on line” as fazia sentir-se parte do mundo e o navegar lhes mostrava coisas estranhas e lindas, que nunca haviam visto antes. Muito legal, não?
Mas o que seriam as “tia” do Zapp na cabeça de algumas outras pessoas, geralmente os criadores do termo, os preconceituosos que não admitem que há mulheres que pensam, que dirigem outras pessoas, que não ignoram mudar a sua realidade, manter a sua persistência, sua força e sua capacidade de argumentação e inteligência, com os muitos e importantes segredos que a vida lhe ensinou enquanto branqueou seu cabelos…
O que seriam as “tia” do Zapp na cabeça dos criadores do termo, na cabeça dos preconceituosos que acham que o idoso nada mais tem a fazer na vida, a não ser arrastar chinelo, amolar os outros, ser encostado pelos outros, ser enganados pelos outros e preparar-se para embarcar para a outra dimensão?
Isto é o que pensam os preconceituosos de plantão: esta imensa multidão de idosas, completamente destituídas de razão, de personalidade e vontade, serviram ou servem de massa de manobra, foram e estão sendo manipuladas por políticos mal intencionados que as transformam numa fábrica de fakes, veiculadoras de notícias mentirosas, idiotas que não sabem o que fazem, facilmente dirigidas por gente inescrupulosa, incapazes de pensar por sí mesmas. Resumindo: estão propagando mentiras, sendo manipuladas e enganadas? Alguns destes apelidadores, ainda pedem que se fale com elas com muita paciência e atenção, coitadas, são velhinhas, sem capacidade de pensar. Ajudando o mal, o pernicioso até sem querer, sem atinar muito com a coisa, coitadinhas, tão inocentes, caindo na conversa deste candidatos horríveis, fascistas, nazistas, do mal. É prudente notar que os “vilões” nestas condições, neste triste e curioso espetáculo, nesta malfadada enganação ás pobres idosas pertencem todos á ala Bolsonaro …
Acho até engraçado ver a pergunta: o que fazer para voltar estas criaturas enganadas ao caminho da verdade? Tem que usar da paciência, ir devagar e sempre, pois eles não têm argumentos, não conhecem nada de política, seguem a cabeça dos outros. No fim tudo dará certo e os pobres velhinhos voltarão a enxergar o lado do “bem”.
Enganam-se aqueles que pensam que as tais “tias” são disseminadoras de noticias falsas ou juízos de valor que só serviriam para atrapalhar um lado e ajudar o outro lado. As “tia” do Zapp têm muito mais capacidade de discernimento, de julgamento, de comparação, do que qualquer rapazinho que ande por aí com o boné do MST, cantando Rapp ou de qq babaca que, vendo a roubalheira que o PT nos deu de presente, ainda teima em votar no Lula e em outros do mesmo nível. Elas já viveram bastante, viram este país virar de cabeça para baixo muitas vezes, já tiveram seus ídolos na política que mereciam respeito e hoje quase não existem mais. Sabem separar o joio do trigo. Já trabalharam por este país mais do que vocês imaginam, principalmente na politica de educar os filhos e netos para serem fortes, para terem uma direção segura nos embates da vida. Aprenderam com seus pais o valores maiores, aqueles eternos e incrustados nas suas almas. Aprenderam na escola a amar sua pátria, sua bandeira, seu hino e o cantam ainda hoje com os olhos brilhantes e o coração batendo em disparada. Não acreditam em promessas falsas , em quem não acredita nelas, as “tia”, mas se sentem à vontade e com vontade de abraçar um presidente, que as trata com respeito, olhando-o com o olhar enternecido como se ele fosse um filho. Ninguém as manipulou. Elas escolheram livremente, cientes do caminho bom, mais justo e certo.
Muitos acima de 65 anos não têm a obrigatoriedade de votar, mas fazem questão de o fazer, no desejo maior de escolher seus representantes, pela sua própria consciência, sem interferências abusivas que possam dirigir seu voto ou ditar suas postagens na internet. Fiquem certos disto, os que estão querendo transformar os mais velhos em criaturas amorfas e sem cérebro, facilmente enganados e manipulados por “sequestradores” de vontades: O mundo mudou, vocês precisam evoluir!
*Educadora e escritora – Uberlândia – MG