Gustavo Hoffay*

É inegável o progresso do governo federal na área de prevenção às drogas e cujos primeiros grandes avanços, lance a lance, pude testemunhar desde o tempo em que exerci acumulativamente o cargo de diretor do então COMAD – Conselho Municipal Antidrogas e o de Gerente-Geral da então Fundação Giuseppina Saitta, à época presidida pelo seu querido criador Frei Antonino Puglisi e cuja entidade, pouco tempo após o seu falecimento em 25/02/2.004, passou a levar o seu nome. Somente os primeiros e ativos membros do então recém nomeado COMEN-Conselho Municipal de Entorpecentes (2.002) e do qual fui um dos seus primeiros diretores, podem testemunhar, de fato, o quanto foram árduos os primeiros meses de atuação daquele Órgão em nosso município, até a criação do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas, o que se deu quatro anos depois e lançou um grande facho de luz sobre aquela seara, possibilitando a criação de uma rede de maior (e melhor) de assistência a todas as entidades que já cuidavam da reabilitação dependentes químicos e da prevenção ao uso de drogas em nosso município. Quem hoje assiste e é assistido por trabalhos realizados em reconhecidas comunidades terapêuticas e acompanhados de perto por órgãos reguladores a níveis municipal, estadual e federal claramente tem uma idéia do quanto é inegável a organização jurídica e o caráter institucional de tudo o que está relacionado aos cuidados administrativos/sociais/terapêuticos/preventivos na seara dependência química em Uberlândia e a partir, principalmente, de um harmonioso e eficaz trabalho desenvolvido pela Secretaria Nacional Antidrogas, instituída em 23/08/2.006. Interessante observar que, para um desenvolvimento profícuo de ações relativas a muito que diz respeito à problemática das drogas, a sociedade deve contribuir fundamentalmente com muito daquilo que é oficialmente proposto e como forma de insistir na busca de respostas para o que ainda é tido de difícil solução, embora estejamos sempre cientes de que jamais chegaremos a compor uma sociedade ao menos razoavelmente sadia, considerando-se o atual estágio de uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas por parte de uma (ainda) considerável parcela da população, aparentemente mais íntima, simpática e até solidária ao uso de algumas daquelas substâncias em grupos afins . Graças a atuação da Secretaria Nacional Antidrogas e de secretarias estaduais e municipais que dedicam-se em parte ou exclusivamente àquela causa , muito daquilo relacionado ao uso de substâncias químicas alteradoras de humor já não é tratado de maneira subjetiva pela maioria das pessoas e até tabus vêm sendo derrubados para dar lugar a novas e inteligentes correntes de idéias e o que, de alguma forma, termina causando perplexidade a quem insiste na aplicação de velhas e superadas fórmulas para conter o avanço das drogas entre, principalmente, a juventude brasileira. Em quase trinta anos de atuação – direta e indireta – na reabilitação de drogados e na prevenção ao uso de drogas em nosso município, sempre procurei “tocar na ferida” aberta em famílias inteiras por conta do uso de drogas por um ou mais dos seus membros; jamais economizei palavras que pudessem levar a algum choque de idéias em famílias e as quais, mesmo indireta e inconscientemente, terminaram contribuindo para o ingresso dos seus respectivos filhos no submundo das drogas; não faltou-lhes a partir de qualquer entidade relacionada à prevenção ao uso de drogas, informações e esclarecimentos sobre os efeitos nocivos daquelas substâncias sobre os seus filhos mas, certamente, faltou-lhes a aplicação de um amor que exigisse-lhes até mesmo um pouco de sacrifício a ser beneficamente aplicado no auxílio a algum deles, “adotado pela rua” e portanto bem longe de uma criação que pudesse garantir-lhe valores éticos, morais e sociais, concitando-os a um arrependimento a partir de um trabalho de renovação espiritual, física, social e psicológico. Ora! Uma sociedade que se preza não pode servir de túmulo a jovens sedentos de vida, porém mal esclarecidos sobre o que é a realidade do mundo a partir da porta de suas respectivas casas. Esvaziar-se de idéias degenerativas e afastar-se de companhias que não empenham-se a favor da dignidade da sua própria existência, é o primeiro grande passo para quem procura pelo norte de suas vidas, renunciando a desagradáveis e fatídicas tentações e empenhando-se em semear justiça, paz, liberdade e compaixão, enquanto fomentando fraternidade, saindo de si para beneficiar e alegrar quem lhe é próximo; essa a melhor maneira de prevenir-se contra o poderoso avanço das drogas. Quanto à maconha, a sua liberação daria um fim a muito de ruim ao que o dinheiro do tráfico robustece, mas apenas depois de toda a sociedade entender que para viver bem e produtivamente não é preciso o uso de máscaras originadas pelos poderes das drogas entorpecentes ou estupefacientes; essas, são para os fracos.

*Agente Social – Uberlândia-MG