Gustavo Hoffay*

O Ministério da Saúde elegeu o dia 26 de fevereiro como o “Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo” ou “Dia Nacional de Prevenção ao Uso Prejudicial de Drogas”; por outro lado o dia 26 de junho foi o escolhido pela Organização das Nações Unidas-ONU, como aquele que deve ser celebrado o “Dia Internacional Contra o Abuso e o Tráfico Ilícito de Drogas” e eu, particularmente, tenho o dia 28 de abril como a data em que deu-se o meu renascimento a partir da minha reabilitação desde a Dependência Química, a exatos 24 anos. As primeiras datas têm por principal objetivo estimular profundas reflexões sobre o tema e principalmente quanto a necessárias medidas de valorização da vida frente as constantes investidas das drogas ilícitas e também do álcool e do cigarro sobre, principalmente, as pessoas mais jovens e cujo caráter ainda está em formação. “Prevenção” sempre foi e continuará sendo a palavra-chave e desde que seguida de ações que esclareçam de maneira inteligente a questão drogatícia. E sob esse aspecto faz-se imprescindível dizer que intervenções educativas são ótimas, porém muitas carecem de ações que estimulem a curiosidade científica dos adolescentes a respeito das causas e conseqüências do uso de drogas ilícitas, do álcool e do cigarro. Tais intervenções deve ter início em casa e depois complementadas nas escolas como parte de matérias curriculares, especialmente naquelas que envolvam estudos científicos como química e biologia e ainda, ocasionalmente, durante aulas de educação física. Em termos de prevenção eu mesmo, por iniciativa própria e em parceria com dezenas de escolas públicas e particulares e empresas de segmentos comerciais e industriais variados de Uberlândia e região, cheguei a palestrar sobre o tema “Prevenção às Drogas” para quase dez mil pessoas ao longo de dois anos e , até recentemente, participado de “lives” com alunos de escolas situadas em diferentes regiões do estado de Minas. Em algumas dessas oportunidades, promovi caravanas de alunos de algumas escolas públicas e particulares a uma comunidade onde é realizado um reconhecido e aplaudido trabalhado de reabilitação de dependentes químicos em nosso município e, claro, com a devida autorização dos pais e a supervisão de professores dos respectivos educandários. Focar sempre a prevenção ao uso de drogas e de maneira prática e científica é o caminho! Jovens, professores e pais de família de todo o Brasil podem e devem acessar o site da Secretaria Nacional Antidrogas – Ministério da Justiça, para obterem informações de cursos gratuitos diversos na área de Prevenção às Drogas e o quais poderão, também, capacitá-los a tornarem-se multiplicadores de ações preventivas ao uso de substâncias químicas alteradoras do humor. Focar cientificamente a prevenção, mas usando-se de uma didática que atraia o interesse geral de platéias juvenis, é o caminho! Havemos de lembrar que adolescentes, focos principais dos traficantes de drogas, caminham por essa vida sem certezas. Ora eles precisam saber exatamente aonde ir, como ir, com quem ir e de que forma podem alcançar os seus nobres objetivos sem sofrerem a dramática interferência de pessoas interessadas em cooptá-los, aliciá-los com o objetivo de integrá-los ao mercado das drogas ilícitas e onde cada um deles seria, em pouco tempo, mais um soldado no exército de disseminação daquelas substâncias e ao mesmo tempo mais um cliente potencial e futura vítima do próprio veneno que comercializam, enquanto iludidos em obter riqueza, vida luxuosa e facilidades a partir de uma fiel dedicação àquele negócio. Certamente os clientes de tal mercado já evitariam muitos males dali decorrentes, se revissem a tempo e seriamente alguns dos seus hábitos e derivados, muitas vezes, de companhias pouco ou nada recomendáveis ao seu pleno desenvolvimento como pessoa, de suas emoções negativas e dos seus afetos desordenados. Não existem meios infalíveis e duradouros de evitar-se o primeiro e muitas vezes fatídico contato com as drogas ilícitas, se houvesse tal possibilidade não teríamos tantos “zumbis” , tantos jovens problemáticos e com a sua saúde e a sua vida comprometidas. Há sim, sabemos, famílias que são autênticos e belos espelhos de comportamento saudável, bem estruturadas e cujos pais interagem de maneira altamente positiva com os seus filhos. Eu cresci, na distante década de setenta, imaginando que bebidas alcoólicas protegiam-me de doenças venéreas (!) e gabava de “medicar”-me a cada porre; santa ignorância! Hoje, em termos de prevenção ao uso de drogas, também temos conhecimento de que no crescimento há sempre uma evolução e uma progressiva capacidade emocional com alcance e etapas que podem variar conforme o indivíduo e o seu ambiente; assim faz-se necessário que se aguarde serenamente um suficiente conhecimento, um amadurecimento de idéias e capacidade de discernimento responsável para que a prevenção ao uso de drogas seja oficialmente aplicada, em etapas e de acordo com o caráter e a personalidade de cada jovem, o que pode sugerir um acompanhamento individual e a partir de profissionais da saúde mental. A aplicação de políticas do medo e a repressão sem qualquer prudência ou moderação, quase sempre fracassam e ainda chegam a rotular alguns jovens de fracos ou desinteressados pela matéria. Ainda sonho com experiências oficiais nas quais todos os jovens sejam educados com grande mas equilibrada quantidade de estudo, trabalho e esporte, ao mesmo tempo em que sejam levados ao entusiasmo por belos ideais sociais, políticos e religiosos; tenham contínua assistência familiar e pedagógica e nenhum tempo para o ócio ( o pior dos vícios), o que certamente irá servir-lhes de escudo natural contra o ataque daquelas substâncias químicas, embora e por outro lado alguns meios de comunicação social continuem deixando muito a desejar no conteúdo moral dos seus programas e até anuncio publicitários. A propósito em nosso meio está cada vez mais difícil proteger os olhos e os ouvidos dos jovens contra a maciça instigação e as descabidas justificativas veiculadas por algumas emissoras de TV (abertas ou não). E livres desse tipo de assédio eletrônico e terrorista serão os jovens que, sabiamente, desenvolverem um senso crítico, boa capacidade de discernimento e julgamento; que tenham firmeza de opinião e justo orgulho dessas suas qualidades. Em grandes centros urbanos como Uberlândia, civilizados mas sibaríticos em várias de suas ofertas de prazeres imediatos, o jovem tem de cultivar tendências nobres e não alimentar ilusões drogatícias, enquanto preparado para viver como um “ser diferente”, desenvolvendo a sua fortaleza de caráter, a justa e muito necessária independência frente a opiniões alheias e estar sempre interessado em participar de ações solidárias; sabendo que viver em sociedade comporta sempre enfrentar os riscos oferecidos pelas drogas e os quais estão sempre maquiados com máscaras de prazeres e alegrias. Mas o jovem inteligente tem a obrigação de evitar, ajuizadamente, o que de imediato pode parecer-lhe cômodo e prazeroso mas que poderá reservar-lhe terríveis conseqüências futuras.

*Agente Social – Uberlândia-MG