Antônio Pereira*

O Prefeito José Antônio Vasconcelos Costa governou Uberlândia de 1942 a 1945. Foi um dos beneficiários da ditadura getulista. Benedito Valadares nomeou-o Prefeito três vezes: para Pouso Alto, Pouso Alegre e Uberlândia. Recebeu ainda outras nomeações para altos cargos federais.
Era jovem. Veio para cá com apenas 26 anos de idade.
Não fez um mau governo. Calçou ruas, construiu o Mercado Municipal, planejou e iniciou a urbanização da mais complicada via da cidade, a avenida Getúlio Vargas que se encontra sobre um córrego, o Cajubá, ladeado por um charco. Em compensação, mandou derrubar a Matriz de Nossa Senhora do Carmo em torno da qual nasceu a cidade.
O fato pitoresco de sua administração foi o modo como tomou posse. Tão logo foi nomeado pelo Interventor Benedito Valadares, pegou um trem da Rede Mineira de Viação, em Belo Horizonte, e veio, como um passageiro comum. Feita a baldeação em Uberaba, chegou a Uberlândia pela Mogiana.
Desembarcou e desceu a pé pela avenida Afonso Pena, como um anônimo viajante. Hospedou-se no Hotel Zardo, onde pernoitou sem identificar-se.
Na manhã seguinte, deixou o hotel e desceu mais a avenida, a pé. A prefeitura, na época, estava instalada no prédio da Câmara Municipal (atual Museu), no meio da praça Clarimundo Carneiro.
Como o prefeito anterior, Vasco Giffoni, não se encontrasse mais no exercício da função, o Secretário determinou que o prédio ficasse fechado para o público até a chegada do novo administrador. Colocou na porta da frente um vigia e proibiu a entrada de quem quer que fosse.
Impedido cortesmente pelo porteiro, Vasconcelos Costa desobedeceu-o e foi entrando. O porteiro veio atrás dizendo-lhe que não podia entrar. Eram ordens do Secretário.
– Onde é o gabinete do Prefeito?
Atônito com o atrevimento do jovem visitante, o porteiro gaguejou, mas informou:
– É… é… ali…
Deixando o homem mais espantado ainda, Vasconcelos abriu as portas do gabinete e sentou-se na poltrona do mandatário. Experimentou-lhe o conforto tranquilamente.
– O senhor não pode…
– Vá chamar o Secretário!
O porteiro fez meia volta e saiu à busca do Secretário com a pressa de quem necessitava de transferir logo para alguém um problema que não sabia resolver.
O Secretário chegou pisando quente. Quem seria o atrevido?
Já ia admoestá-lo e pô-lo pra rua, quando Vasconcelos esfriou-lhe a indignação:
– Você é o Secretário? Eu sou o novo Prefeito, Vasconcelos Costa! (Fonte: entrevista com Vasconcelos Costa).

*Jornalista e escritor – Uberlândia – MG