Ivan Santos – Jornalista

Quem acompanha o processo político em Brasília prevê para amanhã ou na quarta-feira a votação Da PEC do Voto Impresso na Câmara dos Deputados. Tradicionalmente uma matéria rejeitada numa Comissão Especial da Câmara, como foi a PEC do voto impresso, vai para o arquivo. O voto impresso foi recusado na semana passada na Comissão Especial por 23 votos a 11.
Como o presidente, Capitão Mito Bolsonaro continuou a exigir o voto impresso nas eleições de 2022, o presidente da Câmara, Arthur Lira (DEM-AL), aliado do Capitão, decidiu levar a PEC derrotada ao plenário. A votação da PEC será amanhã ou depois. Para ser aprovado o voto impresso precisa de 308 votos na Câmara e 49 no Senado em dois turnos de votação em cada Casa Legislativa. Se a Pec for derrotada na primeira votação será arquivada.
Engana-se quem acredita que o Capitão quer criar um certificado impresso para cada voto inserido numa urna eletrônica. O Capitão, na realidade, constrói hoje uma narrativa para, em caso de derrota para Lula em 2022 possa levantar forças militares e civis para impedir que o ex-presidente assuma o governo.
O discurso implícito do Mito é simples: “Um ladrão condenado à prisão como Lula não pode retornar à presidência da República”. Este é um discurso para levar o povo às ruas e pedir a intervenção no resultado da eleição. Um golpe sob a liderança do presidente da República supostamente boicotado na eleição por forças estranhas.
A hipótese, mesmo remota, de uma intervenção militar para impedir uma eventual volta de Lula à chefia do governo, poderá ocorrer e não com o Mito na liderança, mas com um militar de alta patente, da Ativa ou da reserva. Seria uma repetição do Movimento que instalou a ditadura militar em 1964. Resta saber se um movimento golpista hoje teria apoio das grandes democracias do mundo. A hipótese poderia jogar o Brasil um incômodo isolamento internacional. Os comandantes militares de hoje não parecerem aventureiros. A ver.