José C. Martelli*
Em 12.06.2019 eu escrevera, sob esse mesmo título a seguinte crônica:
Ah! Se o velhos pudessem. Ah! Se os jovens soubessem.
Dia destes, em uma de minhas madrugadas insones, estava eu meditando sobre as afirmações acima e quanto de verdade elas trazem. Com efeito, quando, já no final de nossa jornada terrestre, plenos de conhecimento e sabedoria, é que nos damos conta de quanto ignorantes éramos, mesmo na idade mais madura. Fique claro que o termo ignorante aqui usado é na sua acepção mais vernácula, ou seja, desconhecimento. Então os dizeres que encimam este texto se encaixariam perfeitamente. Ah! Se eu soubesse o que sei agora, quando podia e agora não posso mais.
Toda essa digressão vem a propósito dos meus devaneios de o que fazer na idade provecta. Um deles é recordar. Não diz o ditado que recordar é viver? Então vamos recordar. Vamos deixar o pensamento voar. Geralmente nessas horas estamos sós mas, como certa vez aconselhou-me uma amiga.
“É não pensar que está só, deixar seus pensamentos voarem e alcançarem o que imaginar, inclusive, eliminando distâncias”
E uma das recordações mais interessantes, pelo menos no que me diz respeito, é a de mulheres, mulheres amigas/irmãs, mulheres queridas, causais, mas sempre mulheres. E recordação vai, recordação vem, veio-me a mente parte da letra de uma música de Martinho da Vila, chamada MULHERES. Ei-la:
“Já tive mulheres de todas as cores,
de várias idades e muitos amores,
com umas até certo tempo fiquei,
pra outras até um pouco me dei,
já tive mulheres do tipo atrevida,
do tipo acanhada, do tipo vivida,
casada, carente, solteira feliz,
já tive donzela e até meretriz,
mulheres cabeças e desequilibradas,
mulheres confusas, de guerra e de paz,
mas nenhuma delas me fez tão feliz como você me faz”.
Mas ele não dá o perfil dessa que, dentre tantas outras, conseguia fazê-lo feliz.
Aqui retomo a palavra. Que teria ela, dentro de tantas e díspares mulheres, o poder de fazê-lo feliz? E continuei com minhas recordações, buscando dentre as mulheres com as quais me relacionei, de uma ou outra forma, que possuísse algo diferenciado de tal forma que a pudesse transformar da mulher dos sonhos de qualquer homem. Mas era preciso fazer o retrato dessa mulher ideal. Então fiquei pensando como a chamaria? Qual epíteto se coadunaria para antecipar ao seu nome? Estimada? Querida? Cara? Eureka. Achei. Singular. Esse faria jus ao que ela é: ao seu sorriso definitivamente fácil e contagiante. À sua conversa inteligente, leve e articulada. À sua voz, suave de se ouvir, o charme escancarado de seus grandes e luminosos olhos. Qualquer um ficaria refém de seus encantos em alguns minutos de conversa. Não há como não se apaixonar por ela. Nada de vulgar. Muito de distinção. Única na espécie. Distinta das demais. Impar. Mas não se dá conta do que é. É uma mulher singular. Esse é o seu retrato e, de agora em diante, vou dirigir-me a ela sempre como Singular Amiga porque singular é o que ela é.
Para arrematar, tempos após essa crônica, resolvi fazer um acróstico, “dando nome aos bois”, sobre essa mulher. E vou fazer mais. Vou colocá-lo nesta página do meu Blog Simão Bacamarte.
Ei-lo:
RETRATO DE UMA MULHER SINGULAR 01.11.2020
Será uma empreitada difícil retratar essa criatura. Mas
Hoje tentarei desincumbir-me dessa missão tão gratificante.
E, ainda que não consiga, porque palavras certamente me faltarão,
Insistirei mais e mais
Ligando meu pensamento
A doce realidade de seu ser.
Bela, simpática, de sorriso contagiante
E outros atributos mais, tais como
Amorosa e de uma disponibilidade total, esbanja
Tranquilidade e paz, dentre todos que a cercam.
Raramente, muito raramente, perde a calma.
Irmã solidária e participativa,
Zela pelos seus como parte que são de seu próprio ser.
Beatriz é um de seus pré nomes,
Aquela que esparge felicidade.
Realmente. Ela é tudo isso e muito mais.
Consegue despertar nos outros
Entusiasmo e ardor pela vida.
Lá, no recôndito de seu lar,
Orando ou agindo, a mulher
Singular que é, desperta admiração, querências e amor sem limites.
+Advogado e professor – Espírito Santo do Pinhal – SP